Título: Poupança tem captação positiva de R$ 8,77 bi
Autor: Freire, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2007, Economia, p. B6

Saldo é o maior obtido num 1.º semestre desde 1995

A caderneta de poupança terminou o primeiro semestre do ano com um ganho de captação de R$ 8,772 bilhões. Pelos dados da série histórica divulgada pelo Banco Central (BC), foi o melhor primeiro semestre desde 1995. Com o aumento da captação, o saldo das aplicações em poupança alcançou R$ 203,626 bilhões no fim de junho.

Para o diretor-geral da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Osvaldo Correa, o aumento das captações tem sido provocado pelo crescimento do mercado imobiliário. Apesar disso, ele ressalta que a poupança ainda é pequena no Brasil.

'Ela representa hoje cerca de 9% do total de ativos financeiros do País e ainda tem espaço para crescer.' Segundo ele, a poupança já chegou a cerca de 24% dos ativos financeiros em 1990.

Com visão distinta, o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, acha que a poupança passou a ganhar captação com a queda da taxa básica de juros (Selic), que diminuiu a rentabilidade dos fundos de investimento. 'Com a Selic menor, a poupança passou a competir com os fundos.' Os depósitos em poupança rendem 6% ao ano além da variação da Taxa Referencial (TR).

A cobrança de elevadas taxas de administração pelos gestores de fundos, segundo o vice-presidente da Anefac, também abriu espaço para o crescimento da poupança. 'Temos casos de fundos que cobram até 2% de taxa de administração', comentou. Para depositar na poupança, o investidor não paga taxa nenhuma.

Com o objetivo de equilibrar o cenário das aplicações financeiras, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu, no início de março, elevar o redutor da TR. Ou seja, tornar a poupança menos atrativa. Mas a medida não teve aplicação imediata. A elevação do redutor só entrará em vigor a partir do momento em que a Selic cair abaixo dos 12% ao ano, provavelmente após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana.

Quando a Selic alcançar os 11%, o BC terá de decidir sobre o novo aumento do redutor da TR. 'Para mim, o mais provável é que será novamente elevado', comentou Oliveira. Ele considera, porém, que o mais correto seria o governo convencer os bancos a cobrar taxas de administração mais baixas nos fundos.

'Mas, nessa discussão o governo vai ceder, até porque os bancos vão argumentar que os fundos são os principais responsáveis pelo financiamento da dívida pública.' Na média, a rentabilidade dos fundos ainda é cerca de 0,20 ponto porcentual maior que a da poupança.