Título: Reformas atacam a corrupção, diz secretário dos EUA
Autor: Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2007, Economia, p. B8

Em debate com empresários brasileiros, Henry Paulson analisa os obstáculos ao desenvolvimento do País

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry M. Paulson, fez ontem uma análise sobre os 'obstáculos' que travam o desenvolvimento econômico do Brasil. Em debate com empresários brasileiros realizado na Fundação Dom Cabral, em Nova Lima (MG), ele citou a falta de infra-estrutura, disse que a carga tributária estimula a informalidade e alertou para o excesso de burocracia - 'um incentivo à corrupção'. Paulson se dispôs a 'encorajar as reformas' necessárias, entre elas a tributária e a trabalhista.

Segundo ele, falta incentivo para 'as empresas saírem do sistema informal e entrar no sistema formal'. 'É necessário uma reforma tributária e ampliar a base de impostos.' Paulson demonstrou curiosidade sobre a burocracia brasileira. 'Geralmente quando há muita papelada tem corrupção. Qual é o problema da corrupção?', perguntou ao empresário Flávio Campos, da Leme Engenharia. 'Cada vez que há uma agência do governo envolvida, a corrupção é sempre uma preocupação', respondeu Campos.

O secretário defendeu reformas que flexibilizem as 'leis trabalhistas rígidas' e reduzam a burocracia. De acordo com Paulson, com isso 'pode-se reduzir muito a corrupção', pois 'o grande amigo do corrupto' é o excesso de regulamentação, ou burocracia.

REFORMAS

O secretário do Tesouro disse que leva para o governo americano uma 'lição' dos últimos 30 anos, período em que esteve na Goldman Sachs - ele chegou a presidir o banco de investimento. 'Aqueles governos que fazem reformas, que simplificam as leis trabalhistas, reduzem a regulamentação, abrem para concorrência, a competição, beneficiam os seus povos... é surpreendente o que acontece', disse. 'É maravilhoso ver a rapidez com que as economias respondem às reformas reais'.

Ao comentar a carência de infra-estrutura na América Latina, Paulson afirmou que vários estudos recentes vinculam mais investimentos no setor à redução das desigualdades sociais. 'As pessoas teriam mais acesso aos mercados e mais oportunidades.'

Antes de participar do evento em Nova Lima, Paulson se reuniu com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, em Belo Horizonte. O secretário conheceu projetos de parcerias público-privadas apresentados pelo governador.

Segundo o Palácio da Liberdade, ele teria se comprometido a intermediar uma reunião entre Aécio e o novo presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, em Washington. O governo mineiro pleiteia ao Bird um financiamento de US$ 1 bilhão, a ser aplicado em projetos estruturadores nas áreas social, de gestão, transportes e segurança pública.