Título: UE indica francês para dirigir FMI
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/07/2007, Economia, p. B9

Dominique Strauss-Kahn deve substituir o espanhol Rodrigo de Rato

A União Européia chegou a um acordo para lançar a candidatura do ex-ministro das Finanças da França Dominique Strauss-Kahn à direção do Fundo Monetário Internacional (FMI). O atual diretor-gerente, o espanhol Rodrigo de Rato, deixará o cargo em outubro. Como o FMI é tradicionalmente dirigido por um europeu, tudo indica que o francês assumirá o posto.

Durante um café da manhã de trabalho com os 27 ministros de Finanças da região, a candidatura de Strauss-Kahn recebeu 'amplo apoio'. A Polônia retirou a indicação de seu ex-primeiro-ministro Marek Belka.

'Foram colocados sobre a mesa apenas dois candidatos e, ao final, a presidência optou pela idéia de fazer referência a um candidato europeu, sobre o qual existe grande consenso, Dominique Strauss-Kahn', explicou o ministro espanhol de Finanças, Pedro Solbes.

'Strauss-Kahn converteu-se no candidato dos europeus e isso permitirá que se inicie um processo de campanha e consulta com o conjunto dos países membros do FMI', disse a ministra de Finanças da França, Christine Lagarde. 'O calibre do candidato, sua experiência internacional e o papel que desempenhou no 'Eurogrupo' permitiram que Strauss-Kahn somasse pontos muito rapidamente', observou Lagarde.

SARKOZY COMEMORA

Em comunicado, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou que 'sua eleição (de Strauss-Kahn)seria uma honra para a França e uma oportunidade para o FMI'.

Strauss-Kahn, de 58 anos, foi ministro das Finanças da França entre 1997 e 1999, durante o governo do socialista Lionel Jospin. Ele também foi pré-candidato à presidência do país pelo Partido Socialista, mas foi preterido em favor de Ségolène Royal que, mais tarde, foi derrotada por Sarkozy.

Ao saber da decisão da UE, Strauss-Kahn manifestou um 'caloroso agradecimento' pela 'confiança' nele depositada. 'Agora vou me dedicar a convencer as outras partes envolvidas', afirmou, em comunicado.

O ministro das Finanças do Reino Unido, Alistair Darling, disse que considera crível a candidatura Strauss-Kahn. Afirmou que seu país a apóia, mas salientou que preferia ver um processo de seleção mais aberto, pois não aprova o fato de o posto ser acessível apenas aos europeus. 'Não acreditamos que a situação na qual se assume que um candidato europeu vai conseguir o cargo é sustentável', disse Darling.

Tradicionalmente, a direção do FMI fica com um europeu, enquanto a presidência do Banco Mundial corresponde sempre a um americano. Essa regra tácita tem sido questionada pelos países emergentes.

O ministro italiano, Tommaso Padoa-Schioppa, disse que o processo de designação dos chefes do Banco Mundial e do FMI é baseado em uma tradição de várias décadas, mas, a exemplo de seu colega inglês, defendeu que seja revisada, pois 'o mundo mudou'.

Christine Lagarde também reconheceu que 'será necessário examinar' o mecanismo de escolha de líderes das instituições. Afirmou, porém, que os EUA devem se envolver, pois, 'se é preciso questionar esse equilíbrio, é preciso fazê-lo nas duas instituições'.

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