Título: No Jaguaré, invasão cresce 20% durante urbanização
Autor: Duran, Sérgio
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/07/2007, Metrópole, p. C3

Obras da Prefeitura costumam estimular o crescimento das favelas de São Paulo, atraindo novos moradores dispostos a aproveitar os benefícios da reforma. Segundo o engenheiro Luiz Fernando Fachini, responsável pela urbanização da Nova Jaguaré, na zona oeste, a ocupação saltou de 3,2 mil famílias, em 2003, para 4 mil no ano passado - um aumento de 20%.

Todo esse crescimento se deu debaixo dos olhos dos técnicos da Prefeitura, que retomou as obras no ano passado. Ao lado do projeto de Paraisópolis, na zona sul, a urbanização da Nova Jaguaré pretende ser uma espécie de cartão de visitas da gestão municipal no setor.

A obra inclui 10 mil metros lineares de canalização de esgoto; 3 mil de galerias para drenagem pluvial; 9 mil de rede de água; 25 mil m² de pavimentação de vielas e outros 10 mil m² de áreas de lazer. As partes dos morros onde havia risco de deslizamento receberam grampeamento de solo e muros de arrimo.

A Prefeitura estuda fazer um dos maiores grafites da cidade no morro da favela, cuja urbanização mereceu até a elaboração de um projeto de paisagismo. Apartamentos de 46 m² de área útil, em prédios com arquitetura diferenciada, foram construídos para receber as famílias removidas das encostas.

Os moradores desses apartamentos pagarão 15% de sua renda, apurada pelos assistentes sociais da Prefeitura, como numa espécie de aluguel social. A partir da assinatura do Termo de Permissão de Uso (TPU), as famílias terão até dois anos para apresentar renda mínima para entrar num financiamento da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Caso não consigam, permanecerão pagando o aluguel social.

Criada na década de 60, Nova Jaguaré, que ocupa área de 160 mil m², figura entre as ocupações mais pobres da capital. A renda média do chefe de família na favela é de R$ 447 mensais.

Segundo a arquiteta e urbanista Eliene Rodrigues, que trabalha no estudo, a informação dessa favela é uma das mais reais porque a ocupação está inteiramente inserida em um distrito fiscal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - no quesito renda, o estudo da Prefeitura utiliza a metodologia do IBGE. ¿Há outras que, pequenas, se misturam ao bairro. Daí a renda média é contaminada¿, diz.