Título: Acusados, ex-ministro e presidente do Senado tiveram reações diferentes
Autor: Assunção, Moacir
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/07/2007, Nacional, p. A6

Uma recente operação da Polícia Federal esbarrou em dois grandes aliados do presidente Lula: o ex-ministro indicado pelo PMDB Silas Rondeau (Minas e Energia) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os desdobramentos dos casos, porém, foram diferentes: enquanto um saiu rapidamente do cargo, o outro resiste a tomar tal atitude. Ambos negam as acusações.

Segundo a Operação Navalha (que desbaratou esquema de fraudes em licitações), Rondeau recebeu R$ 100 mil de propina da Construtora Gautama, chefe da máfia. O ministro não resistiu à pressão e renunciou três dias depois de ter sido acusado.

Menos de dois meses depois da demissão, Lula cogitou reconduzi-lo ao cargo e chegou a pedir que seus auxiliares o sondassem sobre essa possibilidade. A PF, no entanto, não recuou da acusação e o presidente desistiu, pelo menos por enquanto, de trazê-lo de volta à Esplanada.

No rastro da Operação Navalha surgiu o nome de Renan, que teve familiares acusados de envolvimento com a quadrilha. Mas o que pesou mesmo contra o senador foi a suspeita de que suas despesas pessoais foram pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Ao tentar comprovar que tem renda para arcar com pensão e aluguel para a jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento, Renan se complicou em um emaranhado de notas fiscais suspeitas.

O peemedebista não cedeu à pressão dos colegas senadores e permaneceu na cadeira de presidente do Senado. Após muitas manobras protelatórias, cinco relatores e dois presidentes no Conselho de Ética, foi aprovado novo pedido de perícia nos documentos. A conclusão deve sair em agosto.