Título: 'Não creio que seu lugar seja preenchido', afirma Tasso
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/07/2007, Nacional, p. A6

Entre os políticos baianos que integram o grupo de ACM, preocupação com o futuro do carlismo

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), afirmou que Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) é um tipo de político que jamais encontrará substituto. ¿Não creio que seu lugar seja preenchido. Ele era ele. Tinha uma personalidade totalmente diferente. Acabou¿, disse o senador tucano, durante o velório de ACM, na madrugada de sábado.

¿Independentemente da análise que se faça da política brasileira, dos diferentes pontos de vista com que seja vista, não há como negar que tanto na política baiana quanto na brasileira nos últimos 50 anos o nome de Antonio Carlos se fez presente, sempre¿, afirmou. Tasso lembrou que teve uma relação política muito próxima a ACM e que, em alguns momentos, chegaram a ficar em lugares diferentes, mas sempre se reconciliaram.

¿ACM era um homem que não conhecia a neutralidade, ia da ternura à explosão e tinha a incrível capacidade de transformar amigos em inimigos e inimigos em amigos¿, disse o senador José Sarney (PMDB-AP).

Entre os políticos baianos do grupo de Antonio Carlos, havia uma preocupação com o vazio que ficará na política do Estado e no futuro daquilo que passou a ser chamado de ¿carlismo¿. O ex-senador Rodolpho Tourinho, por exemplo, acha que será difícil manter a coesão a partir de agora, visto que a tendência será cada um procurar o seu caminho.

Isto já vem sendo feito desde que ACM perdeu poder, em 2001, quando foi obrigado a renunciar ao mandato de senador para fugir do processo de cassação, sob a acusação de ter ordenado a violação do painel eletrônico do Senado.

Desde então, o ex-líder do PFL e da minoria, e atual vice-líder do DEM, deputado José Carlos Aleluia (BA), trilha um caminho distante de ACM. O ex-prefeito de Salvador Antonio Imbassahy, eleito duas vezes por força do padrinho, não só se afastou de ACM, como mudou de partido, entrando para o PSDB, tradicionalmente um grande adversário do grupo que foi comandado por Antonio Carlos.

Imbassahy foi um dos primeiros políticos a chegar ao velório de ACM, por volta das 22h30 de sexta-feira, no Palácio da Aclamação, no Campo Grande, no centro de Salvador. Chorava muito. Disse que, apesar das divergências, tinha de admitir que ACM mudou a Bahia.

Outros políticos que se mantiveram fiéis a ACM, como os ex-governadores Paulo Souto e César Borges, hoje senador, mostravam-se ainda muito dependentes da ação do político baiano. ¿A liderança de Antonio Carlos vai continuar por muito tempo¿, disse Paulo Souto.