Título: Adversários evitam falar sobre o fim do carlismo
Autor: Marchi, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/07/2007, Nacional, p. A6
Na Bahia os adversários evitam atribuir à ausência de Antonio Carlos Magalhães o automático fim do carlismo, que esteve presente na vida política do País nos últimos 50 anos, desde Juscelino Kubitschek (1956 a 1961) até Luiz Inácio Lula da Silva, num fantástico equilíbrio exibido na ditadura militar (1964 a 1985) e no período da volta da democracia, a partir do governo de José Sarney (1985 a 1990).
Esse cuidado dos políticos deve-se a questões práticas. Ninguém quer falar qualquer coisa que magoe os baianos neste momento. Até porque é desnecessário. A queda do carlismo começou, de fato, em 2001, com a renúncia de Antonio Carlos ao mandato de senador, numa manobra para escapar do processo de cassação, sob acusação de mandar violar o sigilo do painel do Senado.
O desgaste do carlismo, no entanto, chegou ao ápice em 2006, com a derrota de Paulo Souto (DEM), candidato de ACM à reeleição, para Jaques Wagner (PT), até então tido como azarão. Jaques Wagner mostrou-se constrangido toda vez que lhe foram feitas perguntas a respeito do fim do carlismo. E não foram poucas. Ele limitou-se a dizer que politicamente sempre foi adversário de ACM, mas aprendeu a respeitá-lo e a admirá-lo. Do mesmo modo se comportou o ex-prefeito de Salvador Antonio Imbassahy (PSDB), um ex-aliado de ACM. ¿Sempre o respeitei como político. A história de ACM confunde-se com a da Bahia.¿
Poucos foram visitar o túmulo do senador no Cemitério Campo Santo, em Salvador, no dia seguinte ao enterro. No sábado, cerca de 4 mil pessoas estiveram no local. Assim que os familiares foram embora, após o enterro, os portões foram abertos no fim da tarde. O movimento continuou até as 21 horas. Há informações de que a família Magalhães pretende pôr uma estátua do senador sobre a cova.