Título: Morte de ACM faz DEM repensar alianças na Bahia
Autor: Marchi, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/07/2007, Nacional, p. A6
Partido do senador cogita uma aproximação com o PSDB no Estado já para as eleições de 2008.
A morte do senador Antonio Carlos Magalhães, a maior liderança do DEM na Bahia, não deverá enfraquecer o partido, na avaliação de destacadas figuras da legenda. Para eles, ACM, que morreu na sexta-feira, aos 79 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos e insuficiência cardíaca, já não representava a força que movia montanhas na política. Acredita-se até que o DEM possa recuperar a influência que já teve no Estado.
Desde as eleições de 2006, ACM deixara de ser um vetor de permanente tensão dentro do seu partido. Antes, era um dos grandes fatores de fricção, inclusive pela relação tumultuada com o ex-presidente nacional do partido, ex-senador Jorge Bornhausen (SC). Até abril do ano passado, os dois andaram às turras e a melhor expressão disso foi a disputa para indicar o vice na chapa do tucano Geraldo Alckmin - ACM queria o senador José Agripino Maia (RN) e Bornhausen lutou, com êxito, pelo senador José Jorge (PE).
Seus colegas do antigo PFL acham que, com a decepção pelo resultado eleitoral de 2006, ele, já alquebrado pela doença, acabou de perder o que lhe restava de energia. Pela primeira vez na história, o cacique baiano foi alijado dos poderes federal, estadual e municipal. Sua bancada na Câmara, que já teve mais de duas dezenas de deputados, foi reduzida a 13 - e hoje são 9.
Quando foi internado, no dia 13 de junho, no Instituto do Coração, em São Paulo, de onde não sairia mais, ACM já tinha perdido seus melhores elementos para fazer política. Ademais, nunca se interessou muito pelas questões nacionais, exceto as que contribuíssem para garantir seu espaço vital; seu interesse eram as questões da Bahia, das quais cuidava meticulosamente.
Figuras nacionais do DEM dizem que sua morte deixa o partido pacificado e arrumado na Bahia. Num primeiro momento, não há razões para disputas. O presidente regional é o ex-governador Paulo Souto, que ambicionava herdar o comando do DEM. Mas todos sabem que ACM dava força para o neto, hoje deputado federal, que pode disputar o governo em 2010.
Em princípio, Souto e ACM Neto estão acertados. ACM Neto tem influência em Salvador, onde é a maior figura do partido, embora sem grandes chances de concorrer à prefeitura, em 2008; e Souto tem expressão no interior. Se os dois souberem somar o prestígio que detêm, dizem políticos do DEM, poderão restaurar a influência do partido.
Uma importante figura do partido ressaltou que o isolamento político do DEM na Bahia era causado pelos problemas pessoais de ACM com outros políticos. Agora talvez seja possível levar o DEM para alianças inéditas. E miram, em 2008, uma possível parceria com o PSDB, que terá como candidato o ex-carlista Antonio Imbassahy. Há anos o PSDB está rompido com o DEM na Bahia por conta de um conflito de ACM com o deputado Jutahy Júnior.