Título: Brasil exporta cada vez mais serviço
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/07/2007, Economia, p. B3

Vendas externas do segmento aumentaram 20,8%, enquanto as de produtos cresceram 17% no ano passado

Entre 2000 e 2006, a receita do Brasil com a prestação de serviços no exterior, que inclui projetos de engenharia, serviços de telemarketing, de turismo e informática, por exemplo, quase dobrou e encerrou o ano passado em US$ 17,9 bilhões.

Embora em termos absolutos a maior parte da receita com exportações ainda seja proveniente dos bens que, em 2006, somaram US$ 137,5 bilhões, a exportação de serviços cresce numa velocidade maior que a das vendas externas de produtos. No ano passado, a exportação de serviços aumentou 20,8% ante 2005, enquanto a de produtos cresceu 17%.

No último ano, o País também ganhou posições entre os principais exportadores mundiais de serviços no ranking da Organização Mundial do Comércio (OMC), encabeçado por Estados Unidos e Reino Unido. Em 2005, o Brasil ocupava a 35ª posição. Em 2006, subiu para o 30º lugar, com 0,7% das exportações mundiais de serviços. Também de acordo com a OMC, o Brasil é o 19º país que mais ampliou as exportações de serviços em 2006 na comparação com o ano anterior.

Os números fazem parte da balança comercial de serviços brasileira, elaborada pela Secretaria de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) a partir dos dados do Banco Central (BC), que será divulgada até o fim deste mês. 'É a primeira vez que o governo faz uma balança comercial de serviços', afirma o secretário de Comércio e Serviços do MDIC, Edson Lupatini.

Ele diz que o objetivo de mapear as exportações de serviços é criar políticas públicas direcionadas para apoiar o setor, como o crédito à exportação. 'O potencial de crescimento das exportações é imenso', observa Lupatini.

Uma boa indicação desse potencial foi dada a partir da última revisão do Produto Interno Bruto (PIB) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A fatia dos serviços no PIB saltou de 56,3% para 66,7% e surpreendeu até analistas mais experientes em contas nacionais.

'O País está virando um exportador de serviços e o governo começa a se mobilizar para apoiar esse movimento', afirma o diretor do Departamento de Políticas de Comércio e Serviços do MDIC, Maurício do Val. Ele pondera que o saldo da balança comercial de serviços ainda é deficitário, com as importações tendo superado as exportações em US$ 9, 2 bilhões no ano passado. Mas a tendência é de gradual reversão, diz o diretor.

RANKING

A radiografia das exportações de serviços revela dados significativos. Mostra, por exemplo, que nos últimos três anos a relação entre as exportações de serviços e bens vêm aumentando. Em 2004, as exportações de serviços correspondiam a 12% da receita com a venda externa de bens. No ano passado, essa relação estava em 13,1%.

O turismo se destaca como o principal setor nas exportações de serviços, com 24% de participação das vendas externas em 2006, seguido pelos transportes, com 19,2%, que inclui serviços aéreos, por exemplo.

Na terceira posição do ranking estão os serviços prestados a empresas, como assistência jurídica, projetos de engenharia e projetos econômicos, que corresponderam a 12% das exportações de serviços no ano passado.

Entre os principais compradores dos serviços executados pelas empresas brasileiras estão os Estados Unidos, com 52,5%; a União Européia, com 24,1%; e os países do Mercosul, com 2,1%, excluída a Venezuela , informa a pesquisa.

São Paulo é o principal Estado brasileiro exportador de serviços (53,8%), seguido por Rio de Janeiro (30,7%), Minas Gerais (3,2%), Paraná (2,5%) e Rio Grande do Sul (1,8%), mostra a radiografia.

Com relação ao número de empresas exportadoras, houve um salto. Em 2004, existiam 20.234 companhias que exportavam serviços. No ano passado, elas totalizavam 23.605, com crescimento de 17% no período. Maurício do Val afirma que o dado positivo é que boa parte dessas empresas exportadoras de serviços são micro e pequenas, o que amplia as possibilidades das companhias no comércio exterior.