Título: Crise de energia já custa a Kirchner US$ 4 bilhões
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/07/2007, Economia, p. B8

Cálculo está em documento de circulação reservada do Ministério da Economia e inclui subsídio ao consumo e importação de eletricidade

A crise de energia na Argentina, que assola o país desde maio, já custou US$ 4 bilhões aos cofres do Estado, segundo documento de circulação reservada do Ministério da Economia, divulgado ontem pelo jornal Clarín. O total desembolsado inclui subsídios ao consumo de eletricidade (pagamento às empresas de combustível para vender gasolina ao mesmo preço que o gás para automóveis) e importação de energia dos países da região.

No total, a Argentina teria gasto US$ 700 milhões para comprar diesel da Venezuela, gás da Bolívia e energia elétrica do Brasil, Uruguai e Paraguai.

Os US$ 4 bilhões gastos às pressas pelo governo Kirchner, que insiste em negar a existência de uma crise , equivalem à metade do superávit fiscal que a Argentina acumulou entre junho de 2006 e o mesmo mês de 2007.

A crise começou a prejudicar a imagem do governo, que está de olho na sucessão. Em outubro serão realizadas eleições presidenciais. Líderes da oposição e empresários criticam o governo por não ter tomado medidas concretas para impedir a crise. Esta, anunciada desde 2004, finalmente explodiu este ano por causa da disparada do consumo residencial, provocado pelas baixas temperaturas.

A empresa Cammesa (companhia com 20% de capital estatal), que administra o sistema elétrico argentino, prevê o desembolso de US$ 730 milhões para as importações de diesel para as usinas termoelétricas. Essas usinas, normalmente funcionam à gás, mas tiveram de recorrer ao combustível porque o governo Kirchner redirecionou o gás para o consumo residencial e o racionou para as indústrias, comércios e usinas.

BRECADA

Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), a queda da produção industrial em junho foi de 0,1% em relação a maio. Essa foi a primeira queda registrada em 22 meses de persistente crescimento. O Indec alega que a queda foi provocada por 'fatores climáticos atípicos, conflitos sindicais e restrições energéticas em alguns setores industriais'. Mas os analistas indicam que a causa da queda foi a crise energética.