Título: 'Blindagem' do presidente começa a rachar
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/07/2007, Nacional, p. A12
Os mercados reagiram com calma à renúncia de Felisa Miceli ao cargo de ministra da Economia da Argentina e sua rápida substituição por Miguel Peirano, que até ser nomeado para o novo posto havia sido secretário de Indústria e Comércio. A Bolsa de Buenos Aires fechou em alta de 0,1%. O dólar manteve-se estável, em 3,09 pesos. A indicação de Peirano agradou ao empresariado. O novo ministro trabalhou na principal multinacional argentina (Techint), foi assessor da União Industrial Argentina (UIA), ocupou a Subsecretaria de Pequenas e Médias Empresas e a Secretaria de Indústria e Comércio. Nesse último posto encarregou-se das complexas negociações comerciais com o Brasil. Apesar da calma nos mercados, analistas indicaram que a queda de Felisa mostrou que a ¿blindagem¿ política do governo do presidente Néstor Kirchner ficou menos espessa. Um escândalo de similar magnitude, nos primeiros anos de governo, teria causado apenas arranhões à imagem do presidente e seu gabinete. Mas, neste ano, a crise energética, a escalada da inflação e outros casos de corrupção reduziram a imunidade que Kirchner possuía. A cada novo escândalo, os custos políticos ficaram maiores. No ano passado, Kirchner, no comando de uma Argentina que crescia 9% em média por ano, ostentava índices de popularidade próximos a 60%. Mas as últimas pesquisas indicam que a boa imagem caiu para 52%.