Título: Lula cria gabinete de crise
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/07/2007, Lula cria gabinete de crise, p. C6

Ele ficou 'consternado' ao saber do acidente e que a chance de haver sobreviventes era praticamente nula

Agenda de quarta-feira e viagens de quinta e sexta-feira canceladas e formação de um gabinete de crise no Palácio do Planalto. Também foi decretado luto oficial por três dias em memória das vítimas. Essas foram, ontem à noite, as primeiras providências do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, logo depois de ser informado da tragédia com o vôo 3054 da TAM. Lula ficou ¿consternado¿ ao receber, por meio de um assessor especial, o brigadeiro Francisco Joseli, a notícia do acidente. O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, telefonou para Lula manifestando solidariedade e condolências.

Ontem à noite havia uma grande preocupação do governo com as repercussões desta nova tragédia, que era classificada como algo ¿inacreditável¿. Também foram repassadas ao presidente Lula informações das autoridades aeronáuticas avaliando que as perspectivas eram as piores possíveis e as chances de haver sobreviventes eram praticamente nulas.

Assessores questionavam se o acidente poderia ter sido provocado pela liberação da pista de Congonhas sem as ranhuras que ajudam a segurar os pousos de grandes aviões - as ranhuras só começariam a ser feitas no próximo dia 25 de julho, quarta-feira. Lula teria pedido informações sobre o acidente com o avião da Pantanal, no dia anterior, que também derrapou na pista de Congonhas e teria sido informado de que, naquele caso, havia ocorrido uma imperícia do piloto.

Foram chamados para o gabinete de emergência, no Planalto, os ministros Waldir Pires (Defesa), Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), Dilma Roussef (Casa Civil) e Franklin Martins (Comunicação Social). As viagens que o presidente Lula tinha agendado para amanhã e depois, confirmou o porta-voz, foram canceladas. O presidente iria, nesta quinta, a Porto Alegre e Florianópolis. Na sexta, estavam previstas visitas a Curitiba e ao Rio. Nas capitais do Sul, o presidente ia fazer o lançamento dos programas de investimentos em saneamento e habitação. Iria ao Rio, depois da vaia recebida na sexta-feira passada, durante a abertura dos Jogos Pan-Americanos, para a sessão solene dos 110 anos de fundação da Academia Brasileira de Letras.

Logo depois de montado o gabinete de crise, o presidente Lula telefonou para o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, que estava em São José dos Campos (SP), e determinou que ele se dirigisse para o aeroporto de Congonhas, a fim de obter todas as informações precisas a serem repassadas ao Planalto. Saito chegou a Congonhas por volta das 21h30.

O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, assim que foi informado do acidente, embarcou para São Paulo. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) repassou a responsabilidade pela divulgação de informações para a Aeronáutica. O Centro de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) abriu inquérito para averiguar as causas do acidente e começar a recolher os dados para uma avaliação.