Título: Esquenta briga entre Obama e Hillary
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/07/2007, Internacional, p. A9

Após debate, democratas divergem sobre possibilidade de encontros com líderes de países inimigos dos EUA

A disputa entre os dois principais pré-candidatos democratas à presidência dos EUA, Hillary Clinton e Barack Obama, esquentou ontem depois de declarações feitas no debate realizado na segunda-feira pela rede de TV CNN. Em seu quarto debate, oito pré-candidatos democratas à Casa Branca responderam a perguntas de internautas. Durante a discussão, a primeira grande divergência entre os dois democratas surgiu quando perguntaram a Obama se ele estaria disposto a se encontrar sem condições prévias, no primeiro ano de seu governo, com líderes de países considerados 'vilões' - como Irã, Síria, Venezuela, Cuba e Coréia do Norte. 'Estaria disposto, sim', afirmou Obama. Hillary, no entanto, disse que não tomaria tal atitude.

'Não quero ser usada para fins de propaganda', afirmou Hillary - cuja equipe de campanha usou o vídeo de sua resposta para mostrar que a senadora tem um entendimento de política externa diferente de seu principal oponente. 'Eu acho que a afirmação de Obama foi irresponsável e ingênua', disse ontem Hillary, em entrevista a um jornal.

A ex-secretária de Estado americana Madeline Albright, que apóia Hillary, também criticou Obama, dizendo que esse tipo de encontro não deveria ser feito sem trabalho diplomático prévio.

A equipe de campanha de Obama respondeu rápido às críticas de Hillary e divulgou um memorando onde afirmava que a senadora havia mudado de opinião sobre o assunto. 'Em abril, a senhora Clinton disse: 'creio ser um erro terrível o presidente Bush afirmar que não vai conversar com inimigos dos EUA'.' O consultor de política externa de Obama, Anthony Lake, saiu em defesa do pré-candidato. 'Uma nação grandiosa e seu presidente nunca devem temer iniciar negociações com ninguém e o senador Obama disse corretamente que estaria disposto a fazê-lo - assim como Richard Nixon fez com a China e Ronald Reagan fez com a União Soviética', afirmou Lake, que trabalhou como conselheiro de segurança nacional durante o primeiro mandato do presidente Bill Clinton.