Título: Jatinhos devem ir para Jundiaí
Autor: Scinocca, Ana Paula e Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/2007, Metrópole, p. C10
Governo já conseguiu apoio de TAM e Gol para sua proposta de fazer acordo com Estado e usar aeroclube local
O governo antecipou-se à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e já obteve o apoio das maiores companhias aéreas do País - a TAM e a Gol - para as primeiras medidas visando à redistribuição da malha aérea nacional, por causa das restrições no Aeroporto de Congonhas.
A Anac só deve começar este debate com as empresas hoje, mas os ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, reuniram-se ontem com os presidentes da TAM, Marco Antonio Bologna, e da Gol, Constantino Júnior. Os dois empresários disseram que as medidas do governo são adequadas e Bologna definiu-as como ¿necessárias e pragmáticas¿, contou Bernardo depois do encontro, ao dizer que ele e Dilma abriram a conversa de forma franca e direta. ¿Dissemos a eles que a situação é para lá de insustentável.¿
A proposta do governo é transferir pousos e decolagens de jatinhos para Jundiaí, a 36 quilômetros da capital, onde funciona um aeroclube. ¿O aeroporto é do Estado de São Paulo, mas o governo federal propõe que se faça uma espécie de consórcio com a União para administrá-lo¿, explicou Bernardo. 'Faremos uma reforma nas instalações, uma nova torre de controle aéreo e a Força Aérea Brasileira também vai para lá, participar da administração.¿
A opção por Jundiaí começou a ser desenhada, segundo o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, em reunião anteontem com o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito. O deslocamento da aviação executiva para Jundiaí permitiria que as aeronaves da aviação comercial tivessem, inclusive, mais tempo para permanecer no solo.
O diretor de Operações da Infraero, Rogério Barzellay, disse que os cálculos preliminares da estatal prevêem que de 20% a 30% das aeronaves que hoje operam em Congonhas tenham de ser remanejadas. Entre as opções que ele deve oferecer está a utilização máxima de Cumbica, o que significaria aumentar o número de operações fora do horário de pico.
¿Em Viracopos (Campinas), estimamos que podem ser abertos mais seis vôos por hora¿, adiantou. O diretor de Operações lembrou, porém, que este aeroporto é principalmente cargueiro e, durante o pico dessas operações, o número de slots para as empresas deve ser menor que seis. Outra possibilidade seria usar o Aeroporto de São José dos Campos. ¿Lá posso fazer mais um vôo a cada hora. Parece pouco. Mas se pensarmos isso para o dia todo são 24 operações a menos em Congonhas.¿
RESISTÊNCIA
Embora tenham de seguir as restrições impostas a Congonhas, as companhias aéreas não querem deixar de operar no principal aeroporto de São Paulo, segundo fontes do setor ouvidas pelo Estado. Entre os especialistas há expectativa de que a Anac mantenha em Congonhas vôos voltados para o mercado de negócios. Seguindo esse raciocínio, seria aplicada uma redução de 30% dos vôos no local, o que nem de longe implica redução de 30% no volume de passageiros. Deixariam de pousar e decolar de Congonhas vôos com pouca demanda. Mas a o aeroporto continuaria a ser o principal ponto de ligação com grandes centros nacionais, num raio entre 1h30 e 2 horas de vôo. Dentro desse limite estariam, por exemplo, Brasília, Porto Alegre, Rio, Curitiba e Belo Horizonte.