Título: 'A música é do presidente e o maestro sou eu'
Autor: Rosa, Vera e Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/07/2007, Metrópole, p. C1

Ministro diz que quer toda a estrutura funcionando como uma orquestra

Num discurso em tom quase marcial, o novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, deu voz de comando às cúpulas das três Forças Armadas que prestigiaram a cerimônia de transmissão de cargo. Olhos fixos nos comandantes da Aeronáutica, da Marinha e do Exército, Jobim disse que não permitirá 'mais comandos fora de regência'. Ao explicar que quer toda a estrutura da Defesa funcionando 'como uma orquestra', deu um recado claro aos militares: 'A música é a do presidente Lula e o maestro sou eu'.

Jobim, que substituiu Waldir Pires, lembrou que, na implantação do ministério, em 1999, houve a necessidade de se criar 'situações de concessões em termos de níveis de autonomia' dos antigos ministérios militares. Admitiu que isso era necessário, mas afirmou que a situação agora é outra. 'Já passamos esse tempo, cruzamos o deserto e agora temos de rever esse modelo.'

O novo formato e o plano de ação que Jobim planeja para a Defesa terão comando único, inclusive no que se refere à questão orçamentária. 'Precisamos definir uma política global em relação às três Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica), inclusive uma que possa gerir a formulação dos orçamentos das Forças Armadas.'

Jobim se propôs a ser um 'aliado transparente' dos oficiais e alertou que 'aliado que precisa ouvir não, e também saber dizer não'. Anunciou que, em curto prazo, quer fazer uma integração sistêmica do ministério com todas as suas instituições e agências e ver 'se essa coisa funciona'. Ele reconheceu que há problemas estruturais, mas disse que seu compromisso é o de encontrar 'formas de solução e não formas de lamentação'.

O novo ministro recorreu à História para destacar que aceitara o Ministério da Defesa nas linhas determinadas pelo presidente Lula e na linha do espírito imperial republicano 'que as Forças Armadas tiveram a inteligência de compor', principalmente na Primeira República. E reforçou a proposta de integração das instituições que compõem a estrutura da Defesa, dirigindo-se aos comandantes da Aeronáutica, Exército e Marinha.

'Vamos construir a integração porque, ao fim e ao cabo, nós podemos mandar porque temos que obedecer. Nosso comandante é o povo brasileiro', afirmou Jobim, para concluir: 'A legitimidade do mando e da ordem de comando vem exatamente de uma legitimidade que se radica na cidadania'.