Título: Desembolso da União chegaria a R$ 11,4 bilhões
Autor: Brandt, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/07/2007, Nacional, p. A4

O custo para a criação de um Estado pode chegar a R$ 1,9 bilhão - que tem que sair dos cofres da União. Se os seis projetos em tramitação fossem aprovados, a União, segundo essa estimativa, gastaria R$ 11,4 bilhões. Além disso, o professor de geografia da USP André Roberto Martin alerta para a falta de estudos sobre a viabilidade dos novos Estados.

Ele e outros especialistas no assunto consideram até hoje um cálculo do início da década de 90 feito pelo ex-embaixador José Osvaldo de Meira Penna. Os números parecem não estar distantes da realidade. Segundo o Ministério do Planejamento, o surgimento do Tocantins, em 1988, após a divisão de Goiás, custou à União cerca de R$ 1,1 bilhão. A criação de Mato Grosso do Sul, em 1977, significou gasto de R$ 800 milhões.

No Maranhão, os defensores da criação do Estado do Maranhão do Sul chegam a falar na necessidade de transferências federais da ordem de R$ 600 milhões para as despesas de instalações do novo governo.

O deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA), autor de um dos projetos sobre o assunto, afirma que o investimento inicial é necessário apenas para levar desenvolvimento a regiões desassistidas. ¿O governo fala em mais gastos, falam na questão da proporcionalidade, mas isso é preconceito. Quando o governo quer, gasta R$ 4 bilhões com o Pan¿, alfinetou o deputado, referindo-se aos Jogos Pan-Americanos no Rio.

Para Martin, a visão de que é preciso injetar dinheiro em uma região afastada e pouco povoada para gerar desenvolvimento é resquício do colonialismo. ¿Nos Estados Unidos, o processo de constituição de uma unidade da Federação segue o caminho inverso. Primeiro a região é povoada, se consolida economicamente e depois pede para participar da Federação.¿

Segundo o especialista, por trás das propostas de divisão territorial há outros objetivos. ¿É o poder econômico querendo se tornar poder político para ter mais poder econômico¿, opinou.

Para ele, essas propostas são ¿uma ficção¿. ¿Não querem criar novas unidades da Federação, querem criar unidades totalmente dependentes do governo federal¿, opinou. Ele acha que, pelo contrário, os Estados devem se fundir para ter maior autonomia econômica e governamental: ¿O federalismo de hoje é de araque.¿