Título: Questão é falta de prioridade política, diz especialista
Autor: Nunomura, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/07/2007, Vida &, p. A20

O pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco Petrus Santa Cruz, pioneiro em experimentos de microgravidade, viu seus esforços naufragarem no mar. ¿Quando percebi que estavam colocando a parte experimental em segundo plano, coloquei os experimentos também em segundo plano¿, disse. ¿O Brasil está muito preparado, mas o que se precisa é um plano político para que seu programa espacial se torne prioritário¿, acrescentou. Ele defende a reestruturação da Agência Espacial Brasileira (AEB) e a permanência dos militares no comando do Centro de Lançamento de Alcântara.

¿Claro que foi decepcionante, porque no nosso caso era fundamental que a carga útil tivesse sido resgatada¿, afirmou o engenheiro Alessandro La Neve, da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI). ¿O programa de microgravidade é importante, mas alguma coisa deve ser repensada, como garantir o resgate da carga útil.¿

¿Essa foi a última vez que participo de uma missão em Alcântara¿, desabafou a médica Vera Maura Fernandes de Lima, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ela informou que não pode dar maiores esclarecimentos sobre seu experimento, porque foi obrigada a assinar um documento de confidencialidade pelos militares.

A reportagem do Estado solicitou entrevista com os militares responsáveis da Operação Cumã 2. O Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial limitou-se a enviar comunicado garantindo ter realizado o lançamento num dia com condições climáticas adequadas. E não enviou as últimas imagens do VSB-30, como requisitado. A missão teve um custo de R$ 3,5 milhões, sendo R$ 2,3 milhões com a construção do foguete e R$ 1,2 milhão com os experimentos.

O pesquisador Marcelo Tosin esperava recuperar a carga útil para reutilizá-la numa nova missão e, futuramente, doar a peça a um museu da Universidade Estadual de Londrina. Seu experimento foi bem-sucedido, mas sabia que corria riscos.