Título: Jobim vai criar gabinete de crise
Autor: Scinocca, Ana Paula e Nogueira, Rui
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/07/2007, Metópolis, p. C4

Ministro quer comitê nos moldes do que foi montado pelo governo FHC para evitar o apagão elétrico em 2001

O novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, deve criar uma espécie de gabinete de crise para atacar o apagão aéreo, à semelhança da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (CGE) montada pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002). Jobim passou o domingo consultando assessores, amigos e técnicos deste governo e do anterior para refazer a memória das providências tomadas em 2001 e 2002.

Jobim, segundo apurou o Estado, não decidiu se usará o Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac) como ¿coração¿ do gabinete da crise do apagão aéreo. Mas, em conversas com interlocutores, avaliou que a urgência é de tal ordem que é preciso montar alguma estrutura que tome decisões imediatas e trabalhe fora da agenda tradicional do Ministério da Defesa, do Conac e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Os investimentos de curtíssimo prazo, por exemplo, precisam ser decididos pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, que participariam desse gabinete de crise, sem submeter a liberação de recursos aos tradicionais ritos de empenho e execução orçamentários. Jobim quer que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também integre o gabinete.

Paralelamente às providências de adequação da demanda às rotas e à capacidade de atendimento das companhias aéreas, Jobim já tem em mãos uma lista de investimentos envolvendo equipamentos para torres de controle e salas de meteorologia, por exemplo. E quer tomar logo uma decisão sobre a terceira pista do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP).

ANAC

Ontem, Jobim encontrou-se com o presidente da Anac, o engenheiro Milton Zuanazzi. Não pediu seu cargo e ainda deu a entender que a idéia da renúncia coletiva dos diretores da Anac deixou mesmo de ser a prioridade do governo.

Zuanazzi voltou a reforçar que não pretende fazer resistência ao Planalto e ao ministro da Defesa, mas ressaltou que os diretores não gostariam de enfrentar um movimento que atente contra a independência da Anac. Como ocorre com todas as agências reguladoras, seus diretores são aprovados pelo Senado e têm mandatos fixos.

NOVO COMANDO

A situação política da Anac e a substituição do brigadeiro José Carlos Pereira na presidência da Infraero vão ser discutidos na reunião da coordenação política do governo hoje, no Palácio do Planalto, a partir das 9 horas.

Ontem, o nome do ex-presidente do Banco do Brasil Rossano Maranhão era um dos mais cotados para assumir o comando da Infraero. Se depender exclusivamente de Jobim, a estatal dos aeroportos não será ocupada por nenhum brigadeiro.

Além de Zuanazzi, Jobim encontrou-se no domingo com o secretário Mangabeira Unger (Planejamento de Longo Prazo), com o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e com André Serrão, um dos assessores que, no governo FHC, colaborou com o comitê para evitar o apagão elétrico e trabalhou diretamente com o então ministro Pedro Parente.

Na quinta-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, fez questão de ressaltar que Jobim terá todo o suporte do governo para tomar as medidas que achar necessárias para debelar a crise. Dilma informou ainda que o encontro do Conac deve discutir a redistribuição de vôos nos aeroportos.

INTEGRAM O CONAC

Ministro da Defesa - Nelson Jobim

Ministro das Relações

Exteriores - Celso Amorim

Ministro da Fazenda - Guido Mantega

Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - Miguel Jorge

Ministra do Turismo - Marta Suplicy

Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República - Dilma Rousseff

Comandante da Aeronáutica - Juniti Saito

OS NOVOS

Ministro do Planejamento - Paulo Bernardo

Ministro da Justiça - Tarso Genro