Título: Recesso não esfriou pressão política sobre Renan
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/08/2007, Nacional, p. A8
Presidente do Senado dificilmente terá apoio se PF provar que ele mentiu
O recesso parlamentar não amenizou as pressões políticas contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), denunciado ao Conselho de Ética por suspeita de quebra de decoro parlamentar. É consenso na Casa que seu futuro será ditado pelo laudo da perícia que a Polícia Federal faz nos documentos que apresentou para justificar renda de R$ 1,9 milhão.
Para senadores, Renan dificilmente obterá apoio para manter o mandato se o laudo provar que cometeu perjúrio e que não são reais as operações de compra e venda de gado de onde afirma ter tirado o dinheiro para custear despesas com a jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. A suspeita é que ele tenha repassado esses gastos à empreiteira Mendes Júnior.
¿Entre o parlamentar, que é passageiro, e a instituição, que é imprescindível, obviamente temos de ficar com a instituição¿, diz Álvaro Dias (PSDB-PR), referindo-se a eventual impasse entre o mandato e os estragos à imagem do Senado.
Demóstenes Torres (DEM-GO) lembra que a acusação deixa pouco espaço para manobrar em favor de Renan. A idéia de renunciar à presidência do Senado está ultrapassada. ¿É uma saída que está absolutamente fora do tempo¿, alega Sérgio Guerra (PSDB-PE). Um dos relatores do caso, Almeida Lima (PMDB-SE) também descarta a hipótese. ¿Se aceitasse acordo dessa natureza, ele estaria dando uma prova de culpa.¿
Estréia hoje no Senado Gim Argello (PTB-DF), que já é alvo de dois pedidos de cassação. A denúncia mais recente é a que o liga ao esquema de desvio de verba do Banco Regional de Brasília. Ele disse ao Estado que não prepara estratégia de defesa ¿porque quem não deve não teme¿.