Título: Para Velloso, ideal seria obter saldo com menos gastos
Autor: Otta, Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/08/2007, Economia, p. B1
O especialista em finanças públicas Raul Velloso criticou ontem a forma pela qual o superávit primário recorde está sendo obtido pelo governo. Segundo ele, os valores decorrem de carga tributária elevada e gastos correntes altos, o que não é bom para a economia no médio prazo. Para Velloso, o superávit deve ser alcançado de outra forma.
'O superávit poderia ser obtido de outra maneira. Poderia ser com impostos e gastos menores ou com um gasto corrente menor e gastos de investimentos maiores. Há outras formas de se fazer o superávit.' O superávit divulgado ontem pelo governo foi o melhor para um primeiro semestre desde 1991.
Velloso explica que um superávit elevado significa controle sobre a dívida pública no curto prazo. De maneira simplificada, o superávit primário é o que sobra antes do pagamento de juros. Assim, quanto mais superávit, maior o valor possível para o pagamento do serviço da dívida.
'Por isso, é sinal de dívidas sob controle. É como uma pessoa no fim do mês. Depois que paga todas as despesas, sobra mais dinheiro para pagar o cheque especial.' A questão é que os recursos da arrecadação do governo vêm de uma extração de dinheiro da sociedade, sob a forma de impostos. E, quanto mais dinheiro se retira da sociedade, menos poupança sobra para as pessoas e as empresas. Além disso, quando estes recursos são usados para cobrir gastos correntes elevados, e não para aplicar em investimentos, o País deixa de investir em áreas importantes como infra-estrutura e não se prepara para crescer a longo prazo.