Título: Empresários esperam Selic de 10% no fim do ano
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2007, Economia, p. B5

Reação a mais um corte de 0,5 ponto porcentual foi de otimismo

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), de reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto porcentual, de 12% para 11,5% ao ano, foi recebida com mais otimismo pelas representantes da indústria e do comércio. Para Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a decisão é positiva, mas desde que a meta para este ano seja chegar aos 10%.

Segundo ele, esse porcentual já demonstra consciência da necessidade de incentivar o crescimento do Brasil, aspiração de todos brasileiros e razão de ser do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 'Essa seqüência de cortes na taxa de juros está demonstrando que há intenção do governo em abandonar o conservadorismo e, coerente com o que tem dito, ter como meta o porcentual de 10% para fechar este ano', afirmou Skaf.

A Federação do Comércio do Estado de São Paulo considerou 'correta e oportuna' a redução para 11,5% da taxa Selic. 'O Brasil precisa de investimentos para crescer e eles só virão com uma taxa de juros em patamar civilizado', disse Abram Szajman, presidente da entidade. Ele avalia que o cenário macroeconômico atual do País favorece a redução da taxa e o repique inflacionário nos meses de junho e julho foi um espasmo eventual, que não deve se propagar pelo resto do ano.

'Se entrarmos em 2008 com uma taxa de 10%, ela continuará uma das maiores do mundo, mas representará um alívio na estrutura de juros do País e poderá reduzir os danos às nossas exportações, causados pela excessiva valorização do Real', disse Szajman.

Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o resultado era esperado e foi adequado ao momento. 'A decisão segue um padrão no qual o Banco Central procura não surpreender o mercado financeiro', disse Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi.

Na avaliação de Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo e da Confederação das Associações Comerciais do Brasil, o BC atendeu às expectativas do mercado. Para ele, o corte ' é coerente com os principais indicadores da economia'. 'Entendemos que o processo de redução deve continuar, pois, apesar das quedas nos últimos anos, ainda temos taxas muito elevadas.'

Para o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), poucas mudanças ocorreram entre a última reunião do Copom e a desta semana. Segundo a entidade, o fato mais expressivo foi o recuo do câmbio para abaixo de R$ 1,90, o que determinou a decisão de corte de 0,5% da taxa Selic.

A reação da Central Única dos Trabalhadores foi irônica: 'Ninguém tira do Brasil a sua condição de campeão pan-americano dos juros reais altos, muito menos essa pequenina redução anunciada hoje, de 0,5%', disse Arthur Henrique, presidente da central. Já a Força Sindical reclamou que o Copom precisa ser mais ousado. 'O corte de 0,5 ponto não condiz com a pressa que os trabalhadores desempregados têm de conseguir empregos e os trabalhadores empregados de conquistar reajustes salariais mais altos', disse João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força.