Título: Entrada de dólares dá sinais de desaceleração
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2007, Economia, p. B6
Valor caiu de US$ 7,8 bi para US$ 1,45 bi em 1 mês
Depois da enxurrada de dólares que entrou no Brasil em junho, o fluxo cambial dá sinais de desaceleração neste mês. Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC), o ingresso líquido de dólares foi de US$ 1,446 bilhão até 13 de julho, ante US$ 7,821 bilhões na primeira quinzena de junho. No ano, o fluxo cambial é positivo em US$ 53,073 bilhões, valor 42,4% maior que o de todo o ano passado.
No segmento comercial, que inclui operações de comércio exterior, a entrada líquida de dólares em julho, até dia 13, foi de US$ 1,690 bilhão. As operações de câmbio vinculadas às exportações somaram US$ 5,733 bilhões e as de importações, US$ 4,043 bilhões. Na primeira quinzena de junho, o fluxo comercial somou US$ 6,551 bilhões e, em todo o mês passado, US$ 9,456 bilhões.
O economista Caio Megale, da Mauá Consultoria, avalia que essa forte desaceleração se deve a uma mudança na atuação dos exportadores. Nos últimos meses, eles vinham antecipando receitas das vendas externas, mesmo sem fazer os embarques, de olho na tendência de valorização do real. A antecipação do ingresso de dólares permitia que eles recebessem maior volume de reais e ainda ganhassem com aplicações no mercado de juros.
Em julho, as contratações de câmbio dos exportadores estão menores que o volume físico exportado. 'Os exportadores vinham, em média, fazendo contratação de câmbio de US$ 3 bilhões por mês acima das vendas físicas. Em julho, os embarques ficaram US$ 600 milhões acima das contratações', disse Megale.
Segundo ele, a visão por trás dessa mudança é que o espaço para desvalorização do dólar hoje é menor. 'Quanto mais acham que vai se valorizar o real, mais os exportadores antecipam a contratação. Com expectativa menor, diminui a urgência de se fazer isso.'
Leonardo Miceli, economista da Tendências Consultoria, concorda com essa avaliação. 'Houve redução na perspectiva de valorização cambial, uma visão de que a moeda americana está chegando ao piso', observou. 'Isso diminui o apetite por se tomar posições vendidas em câmbio.'
Mas a queda não foi só no câmbio comercial. O fluxo financeiro - que envolve compra e venda de títulos e ações, investimentos diretos no Brasil e no exterior, entre outros - reverteu a seqüência positiva dos últimos meses, que vinha sendo estimulada pelo ingresso de capitais de curto prazo, e mostrou saída líquida de US$ 244 milhões. Na primeira quinzena de junho, o resultado tinha sido positivo em US$ 1,27 bilhão.
NÚMEROS
>>US$ 53 bilhões é o saldo da entrada e saída (fluxo) de dólares do Brasil pelo mercado de câmbio neste ano, até 13 de julho
>>US$ 7,82 bilhões foi o saldo líquido do fluxo cambial no mês de junho, até o dia 13 US$ 1,446 bilhão é o saldo da entrada e saída de dólares neste mês de julho, também até o dia 13 US$ 6,55 bilhões foi o valor do fluxo comercial, que inclui exportações, na primeira quinzena de junho