Título: GM vai investir R$ 1 bilhão no Brasil e na Argentina
Autor: Cançado, Patrícia
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2007, Negócios, p. B12

Recursos serão usados para produção e desenvolvimento de carros compactos para AL

O presidente mundial da General Motors, Rick Wagoner, anunciou ontem, durante visita ao Brasil, investimento de US$ 500 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) no País e na Argentina para produção e desenvolvimento de uma nova família de carros compactos. O projeto é mantido em segredo e deve chegar às ruas no começo da próxima década. Os modelos serão produzidos simultaneamente nas fábricas de São Caetano do Sul (SP) e Rosário, na Argentina, e vendidos apenas na América Latina.

Do total de recursos, US$ 300 milhões devem ficar no Brasil. A GM pretende aplicar US$ 100 milhões na construção de um prédio anexo à fábrica de São Caetano do Sul com capacidade para abrigar 700 engenheiros. 'A GM está dando início a uma nova fase de investimentos no Brasil', disse Wagoner, que aprovou a liberação do dinheiro há duas semanas na sede da companhia, em Detroit.

O grupo americano investe R$ 500 milhões no País por ano, mas o dinheiro extra vem sendo requisitado desde o ano passado pelo presidente da GM Mercosul, Ray Young.

A GM quer reforçar a posição do Brasil como pólo de criação de produtos para mercados emergentes. No fim de 2006, a subsidiária contava com 2 mil funcionários envolvidos em desenvolvimento de novos modelos. No primeiro semestre, foram contratadas 400 pessoas e outro número semelhante deve integrar o time até o fim de 2008. 'Essa é nossa competência, nosso foco para o futuro', disse Young. 'Em três anos, essa área ficou 32% maior, um crescimento histórico no País.'

Se o Brasil ganha pontos em desenvolvimento de produtos para emergentes, o mesmo não se pode dizer de sua competitividade, principalmente para exportação de veículos. 'A valorização do real deixa o Brasil menos competitivo em relação à Argentina', disse Young.

A GM não é a primeira montadora a escolher a Argentina para fazer seus investimentos. Além de ser um mercado em franca recuperação de consumo, produzir carros no país vizinho pode sair até 30% mais barato que no Brasil.

Na terça-feira, a Honda anunciou a construção de uma fábrica na província de Buenos Aires. Trata-se de um projeto da ordem de US$ 100 milhões. O objetivo é que a Argentina atenda à demanda da América do Sul e Central junto com o Brasil. Recentemente, a Volkswagen também aprovou investimento de US$ 100 milhões para ampliar sua fábrica de transmissão em Córdoba. Segundo a Associação de Fábricas de Automotores (Adefa), entidade que reúne as fabricantes locais, ate 2010 serão investidos no país cerca de US$ 3,5 bilhões.

CONSUMO RECORDE

Apesar da perda de competitividade no Brasil, a GM não tem razão para choro. O mercado que Wagoner está vendo agora está completamente diferente do da década de 90, quando ele estava à frente da subsidiária. No primeiro semestre, foram vendidos 1 milhão de carros no País. É provável que 2007 seja o melhor ano de todos os tempos na indústria de automóveis.

Para acompanhar o crescimento frenético, a GM pretende impor um ritmo mais agressivo à sua produção, mesmo sem incluir um novo turno. A montadora cresceu abaixo do mercado no primeiro semestre porque não conseguiu atender à demanda. 'Mas esse é um problema de alta classe', disse um animado Wagoner.

NÚMEROS

>>US$ 500 milhões serão aplicados no Brasil e na Argentina para produção e desenvolvimento de uma nova família de carros compactos

>>US$ 100 milhões serão destinados à construção e montagem de um prédio anexo à fábrica de São Caetano do Sul para abrigar 700 engenheiros

>>2,8 mil profissionais devem fazer parte da equipe de desenvolvimento de produtos da GM ao final de 2008

>>1 milhão de carros foram vendidos no País no primeiro semestre