Título: Governo descarta apagão até 2011
Autor: Goy, Leonardo e Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2007, Economia, p. B5
Em reunião convocada pelo presidente Lula, ONS garante que chance de racionamento em 2011 é inferior a 5%
Veja o estudo sobre risco de apagão.
Brasília - Em uma resposta às avaliações do setor privado de que o risco de racionamento de energia em 2011 pode chegar a até 32%, o governo apresentou ontem números do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para argumentar que o risco de apagão elétrico para os próximos anos está dentro do aceitável.
Ao lado do ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, descreveu a apresentação que fez ontem pela manhã ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Segundo suas projeções, se o Produto Interno Bruto (PIB) crescer 4% ao ano até 2011, o risco de racionamento seria de, no máximo, 4% no sistema Sudeste/Centro-Oeste. Para um PIB maior, de 4,8%, o risco nas mesmas regiões seria também de 4,8%. Para o governo, o risco tido como aceitável é de até 5%.
Todo esse otimismo leva em conta o sucesso de três premissas. A primeira é o cumprimento do cronograma de implantação das principais obras que, teoricamente, devem começar a gerar energia até 2011 - somadas, têm potência de 16 mil megawatts (MW). Entre elas estão usinas hidrelétricas como Estreito, Serra do Facão e Foz do Chapecó. A segunda premissa é a venda de ao menos 1.400 MW médios no leilão de energia marcado para 2008. A terceira é o cumprimento do termo de compromisso assinado pela Petrobrás com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para fornecimento de gás às usinas termoelétricas até 2011.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim disse que as projeções do ONS levam em conta até mesmo um cenário ¿não factível¿ de o leilão de 2008 não vender energia alguma. Nesse caso, o risco de desabastecimento no Sudeste/Centro-Oeste chegaria, no máximo, a 5,9%. ¿Até eu fiquei estarrecido com isso.¿
Tanto Hubner quanto Tolmasquim confirmaram que a Aneel informou ao governo que a Petrobrás não teria atendido, em julho, todas as térmicas que, segundo o termo de compromisso, deveriam ser abastecidas. Ambos argumentaram, porém, que a acusação da Aneel pode ser apenas ¿questão de interpretação¿. Eles também argumentaram que em julho houve fornecimento excepcional às térmicas do Rio para garantir energia durante os Jogos Pan-Americanos. Segundo eles, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, garantiu na reunião que a Petrobrás entregará todo o gás que prometeu.
Segundo Hubner, Lula também pediu esforço da área energética do governo para concluir os inventários de novas usinas hidrelétricas. ¿O presidente disse que quer deixar para seu sucessor uma carteira de projetos de novas usinas.¿ O governo está preocupado em garantir a expansão das hidrelétricas, ainda mais levando-se em conta que no leilão de energia da semana passada só foram negociados contratos de energia produzida por usinas térmicas movidas a óleo combustível - opção mais cara e mais poluente.
Por isso, Lula também pediu que os Ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente se articulem para tornar mais ágeis os processos de estudo e licenciamento de novas hidrelétricas. Hubner também afirmou que após 2011 não haverá problemas de energia, em razão do planejamento que está sendo feito. ¿Só se nós formos completamente incompetentes.¿