Título: Brasil já recebeu US$ 63,2 bilhões
Autor: Otta, Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/08/2007, Economia, p. B9

Fluxo cambial de julho desacelera para US$ 11,6 bilhões.

Brasília - O fluxo de dólares para o Brasil desacelerou em julho, mas continua forte. Os bancos, por sua vez, estão apostando menos em uma valorização da moeda brasileira. Segundo o Banco Central (BC), o ingresso líquido de moeda estrangeira pelo mercado de câmbio ficou em US$ 11,588 bilhões no mês. Foi o segundo maior volume do ano, atrás apenas dos US$ 16,561 bilhões registrados em junho. A chamada ¿posição vendida¿ em câmbio dos bancos (quando apostam na valorização do real) caiu 62,3%, para US$ 2,7 bilhões.

De janeiro a julho de 2007, o fluxo cambial somou US$ 63,215 bilhões, cerca de 70% a mais do que em 2006. O fluxo comercial foi de US$ 51,410 bilhões e o financeiro, de US$ 11,805 bilhões. Segundo o BC, o ingresso de dólares no câmbio comercial em julho foi positivo em US$ 5,494 bilhões.

As operações ligadas a exportações somaram US$ 15,025 bilhões e as vinculadas a importações, US$ 9,531 bilhões. No segmento financeiro (onde se encaixam os diferentes investimentos, empréstimos e outras operações), o fluxo foi positivo em US$ 6,905 bilhões no mês passado, o segundo maior do ano, abaixo apenas do resultado de junho (US$ 7,105 bilhões). Em julho, as entradas de moeda no País pelo financeiro somaram US$ 33,779 bilhões e as saídas, US$ 27,684 bilhões.

A economista-chefe do Banco ABN Amro, Zeina Latif, afirmou que o desempenho do segmento financeiro em julho reflete três fatores principais. O primeiro é o volume elevado de investimentos estrangeiros diretos - voltados ao setor produtivo, cujo volume foi previsto pelo BC em US$ 3 bilhões para julho. Os outros dois são operações de abertura de capital com participação de investidores estrangeiros e nível elevado de rolagem de empréstimos externos.

No segmento comercial, Zeina destaca a desaceleração na antecipação de fechamento de câmbio pelos exportadores. Ela explica que esse menor apetite reflete expectativa de maior estabilidade do real. Isso também é uma interpretação provável para a redução da posição vendida dos bancos.