Título: Oposicionistas prometem reforçar pressão por renúncia
Autor: Scinocca, Ana Paula., Fontes, Cida e Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/07/2007, Nacional, p. A4

Oposição pode pedir também afastamento do presidente do conselho

Em reação ao parecer jurídico que zera o processo contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), podendo até permitir o arquivamento da representação do PSOL, a oposição vai pedir que ele renuncie ao cargo de presidente do Senado. Os tucanos se reúnem hoje de manhã para examinar a melhor forma de mostrar a Renan que sua permanência no cargo é insustentável. O DEM vem defendendo a renúncia desde a semana passada. Nas reuniões de hoje, a oposição pode pedir também a destituição do senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) da presidência do Conselho de Ética.

De acordo com a Secretaria-Geral da Mesa, cabe agora ao segundo-vice presidente, Tião Viana (AC), o comando da decisão sobre a volta do processo contra Renan à estaca zero.

¿A crise poderá aprofundar-se, carregando com ela toda a instituição parlamentar que nos empenhamos em defender¿, protestou o líder Arthur Virgílio (AM), em nota da bancada. Convidado e ¿desconvidado¿ para o cargo de relator, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) denunciou a ¿manobra¿ do parecer jurídico e exigiu pressa da Mesa em devolver o processo ao conselho.

¿Renan corre o risco de perder não só a presidência, mas também o mandato. Ele está perdendo apoios explícitos pela forma tão truculenta e pelas manobras que vem adotando. Virou uma agressão contra o Senado e o Congresso¿, disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O DEM diz que vai recorrer contra o parecer jurídico de Quintanilha no plenário do próprio Conselho de Ética. Para o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN), ¿Quintanilha também afrontou e provocou o colegiado.¿

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) fez um apelo aos governistas para que reexaminem o apoio a Renan. Suplicy considerou a decisão de Quintanilha um gesto de provocação aos parlamentares que querem investigar a denúncia contra o presidente do Senado.

A maioria dos senadores de oposição e os independentes da base do governo alegam que o presidente do conselho agiu ilegalmente ao assumir por conta própria uma decisão que caberia a todo o colegiado. ¿Está com cheiro de mais uma armação jurídica para protelar a investigação¿, protestou Agripino. ¿O conselho não pode ser prisioneiro de arbitrariedades.¿ Segundo ele, agora cabe ao plenário do colegiado ¿ratificar ou desautorizar¿ a decisão de Quintanilha. ¿O que ele fez foi afrontar e provocar o colegiado.¿

Para Suplicy, todos os procedimentos de Quintanilha, além de ignorar as regras mínimas de convivência parlamentar, ¿são de uma gravidade sem igual¿. ¿Nem eu nem ninguém se sentirá disposto a apoiar uma iniciativa unilateral¿, disse o petista. Ele afirmou que o maior prejudicado com a estratégia de zerar o processo será o próprio presidente do Senado. Acredita que nem a líder do PT, Ideli Salvatti (SC) - até agora engajada nas manobras em favor de Renan - endossará a decisão de Quintanilha.

O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), defendeu ontem o afastamento do presidente do Conselho de Ética. ¿Se ele está sob suspeita, deveria se afastar¿, afirmou. Para o corregedor, Quintanilha também não poderia dar nenhum encaminhamento sem informar o conselho. ¿Ele não consultou ninguém¿, criticou.