Título: PSDB aparece em lista de pagamento de propina
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/07/2007, Nacional, p. A10

Na lista de beneficiários de supostos pagamentos de propina patrocinados pela empreiteira FT Construções, pivô da máfia da CDHU, nas eleições municipais de 2004, está o PSDB. É o que mostra um registro feito no dia 28 de abril daquele ano no livro de contabilidade da empresa. Ao lado do valor de R$ 2.000 aparece a observação ¿QLN AJUDA PSDB¿. O documento foi apreendido durante a Operação Pomar em Presidente Prudente, deflagrada para desbaratar uma organização criminosa acusada de fraudar licitações e superfaturar obras de conjuntos habitacionais da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).

Para o Ministério Público Estadual, a sigla QLN é um código para propina. Em depoimento, dois ex-funcionários da empresa disseram que significa ¿Quanto Levo Nisso¿.

No trecho do livro-caixa a que o Estado teve acesso o PSDB aparece uma vez na relação de QLNs. Não há detalhes sobre qual diretório foi eventualmente beneficiado.

Na lista de doadores entregue à Justiça Eleitoral pelo PSDB de Presidente Prudente e pelo Diretório Municipal de São Paulo, que repassou recursos aos comitês regionais em 2004, não há a FT Construções. Se a doação, de fato, ocorreu, não foi contabilizada oficialmente, o que configura caixa 2.

O presidente do PSDB de Prudente, Walter Dallari, disse achar estranha a referência ao partido no livro-caixa. ¿O PSDB de Presidente Prudente nunca recebeu nada. É uma trama dessa empresa para desviar recursos.¿ O presidente do diretório da capital, Tião Farias, não foi localizado. A reportagem deixou recados no telefone de sua assessora de imprensa, mas não teve retorno.

O PSDB não é o único suspeito de receber dinheiro da máfia. O líder do partido na Assembléia, Mauro Bragato, teria embolsado R$ 104 mil entre 2003 e 2005, quando foi secretário-adjunto e depois titular da Secretaria da Habitação. O livro-caixa indica que os supostos pagamentos continuaram após Bragato chegar ao Legislativo. Há registros como ¿QLN MBR¿ em maio e junho de 2005. Bragato nega que tenha recebido propina da empreiteira.