Título: Pelo menos cinco prédios estão na área de projeto
Autor: Soares, Alexssander e Manso Bruno Paes
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2007, Metrópole, p. C1

Moradores de Moema temem perdas com desapropriações e desvalorização de imóveis.

A artista plástica Maria Hermínia Thomé, moradora e síndica do Edifício Paraty, na Alameda dos Anapurus, mora em Moema, na zona sul, há mais de 20 anos. Lutou muito, com outros moradores, para conseguiu diminuir os vôos durante as madrugadas na região do Aeroporto de Congonhas. Mas, para quem mora perto de Congonhas, nunca é bom cantar vitória antes do tempo. Hermínia soube ontem que o Paraty, outros edifícios, casas e imóveis comerciais de Moema e do Jabaquara estão na área do projeto que prevê desapropriações para a extensão da pista de Congonhas. ¿Não é possível. Querem calar a boca de Moema. Além de sofrermos com o movimento dos aviões em um aeroporto que cresceu no meio da cidade, agora sofremos retaliações para pararmos de protestar.¿

Pelo menos cinco edifícios de Moema estão na região de desapropriação, com padrão médio de três quartos e 100 metros quadrados. Valem entre R$ 200 mil e R$ 300 mil, segundo os moradores. Na região do Jabaquara, a área a ser desapropriada é maior e atinge basicamente casas e sobrados. Os imóveis comerciais concentram-se na Avenida Pedro Bueno. O acentuado declive na região deve dificultar o trabalho dos engenheiros que vão projetar a extensão da pista.

Pessoas que moram e trabalham na área da desapropriação enxergam o projeto com uma mistura de apreensão e ceticismo. ¿Parece mais uma tentativa de dar satisfação depois do acidente. Afinal, não era para diminuir o movimento de Congonhas?¿, questiona a pedagoga Maria Tereza Stricher, que também mora no Paraty. ¿Se fizerem essa pista, não veremos o dinheiro. Conheço pessoas que esperam 20 anos para receber precatórios do Estado.¿

Todos os entrevistados disseram ter sido pegos de surpresa pelo projeto, que começou a ser estudado depois da tragédia com o Airbus da TAM. ¿Vivemos uma situação difícil. Além do medo, essas notícias desvalorizam os imóveis. Somos prejudicados mesmo se o projeto não vingar¿, afirma a dona de casa Carla Bonaldo, que há 15 anos mora no Jabaquara.

O engenheiro Ronaldo Padilla, dono da Multcold, empresa de aparelhos de ar-condicionado com escritório há 13 anos no bairro, acha o projeto ¿despropositado¿. ¿Não acredito que saia do papel. Eles deveriam melhorar as condições atuais da pista em vez de inventar.¿