Título: Colonização econômica não acabou, diz Lamy
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/07/2007, Economia, p. B4

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, disse ontem que a colonização econômica ainda não está superada, apesar da descolonização política ter ocorrido há 50 anos. Em discurso nas Nações Unidas (ONU), Lamy disse que a OMC está numa 'encruzilhada' e, se Brasil, Índia, Estados Unidos e Europa não se moverem, o fracasso pode ser 'fatal'. Para Lamy, um acordo poderia ser obtido se os países fizessem concessões que ele considera pequenas.

Para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, o mundo 'precisa, desesperadamente', de um acordo na OMC, até para ter a capacidade de lutar contra a pobreza. Os principais líderes de organizações internacionais se reuniram ontem, em Genebra, para debater o futuro da economia mundial e não deixaram de destacar a OMC. 'Os obstáculos ao comércio, os subsídios agrícolas e as regras exigentes sobre direitos de propriedade intelectual aumentam as desigualdades no mundo', disse Ki-Moon.

Murilo Portugal, vice-diretor do FMI, também 'lamentou profundamente' a crise na OMC. Para a entidade, rodada é importante para manter afastadas 'pressões protecionistas' que poderiam ter custos elevados. Para Lamy, está claro que a abertura comercial seria importante para a luta contra a pobreza, ainda que não seja suficiente se for aplicada sem reformas. Segundo ele, as regras da OMC ainda 'perpetuam' os desequilíbrios, em prejuízo dos países em desenvolvimento, como no caso dos subsídios agrícolas. 'Se a descolonização política ocorreu há 50 anos, não completamos ainda descolonização econômica', afirmou.

Segundo Lamy, se os países querem um acordo em 2007, precisam ceder nas negociações agrícolas e industriais. Para ele, as concessões necessárias 'não são grandes'. Em termos de subsídios, a diferença entre o que o Brasil quer e o que os EUA estão dispostos a dar representa uma semana de comércio dos EUA com a Europa.