Título: FMI pode revisar expansão do Brasil
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2007, Economia, p. B10

Para Portugal, crescimento em 2007 pode superar previsão atual, de 4,4%

Beneficiado por um cenário internacional favorável e por uma política macroeconômica considerada adequada, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2007 poderá ficar acima dos 4,4% previstos no início do ano pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A avaliação é do vice-diretor-gerente do FMI, Murilo Portugal, que aponta, ainda, que o Brasil poderá ter um crescimento acima da média mundial já em 2008 se as atuais condições de crescimento forem mantidas. Portugal, porém, alerta: a vulnerabilidade externa ainda existe por causa da elevada dívida pública.

O brasileiro, que assumiu sua função em Washington no fim de 2006, não esconde que a situação externa e os preços de commodities são favoráveis ao crescimento dos países emergentes. 'Estamos observando uma combinação da situação externa favorável e de reformas internas e decisões macroeconômicas que estão permitindo crescimento', disse.

Para ele, o Brasil tem condições de aproveitar o fato de que a economia mundial não sofreu uma dura desaceleração neste ano e, provavelmente, continuará a crescer em 2008 para também ter uma alta em seu PIB. 'Olhando os números, vemos que estão sólidos', disse. Em 2007, a média do crescimento mundial será de 5%.

Segundo ele, o maior risco para a economia brasileira são os choques externos. 'O grau de vulnerabilidade do Brasil teve redução substancial. A economia passou a ter superávits nas contas de comércio, na conta corrente, acumulou nível de reservas que já supera os compromissos externos do País. Por isso, o grau de vulnerabilidade é bem menor que no passado, mas ainda existe porque a dívida pública ainda é elevada.'

REFORMA

Portugal destacou que o FMI passará por um segundo período de reformas para 'acomodar os países que mais crescem'. Ele contou que um novo cálculo das cotas dos governos nos órgãos de decisão está sendo preparado, baseado no crescimento do PIB, reservas, exportações e a posição dos países na economia mundial. No início do ano, China, Turquia e Coréia do Sul ganharam novas cotas, o que não foi concedido ao Brasil. Portugal se recusou a dizer se o País poderia ter sua cota atual de 1,4% aumentada.