Título: Brasil deve aumentar exportação de energia para a Argentina
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/07/2007, Economia, p. B12

Volume subiria de 700 para 1 mil MW médios para conter crise no País

O Brasil deve elevar para 1 mil megawatts (MW) médios a exportação de energia elétrica para a Argentina. Segundo fontes em Brasília, o aumento teria sido autorizado na sexta-feira, em reunião entre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, entre outros representantes.

A exportação maior de eletricidade atende a um pedido do país vizinho, onde a crise energética vem se agravando nos últimos meses e já afeta a economia. O Ministério de Minas e Energia não confirmou o aumento. Disse apenas que a reunião na sexta-feira faz parte de uma série de discussões sobre os efeitos do inverno rigoroso na Argentina. Outras fontes que participaram do encontro, no entanto, confirmaram a autorização. Só não sabem dizer quando e como isso seria oficializado.

A energia exportada pelo Brasil deverá ser produzida por usinas térmicas a carvão, óleo diesel e óleo combustível. Por esse acordo, os argentinos pagariam o custo da produção e também o da transmissão. Quem deverá monitorar o envio de eletricidade é o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

O intercâmbio de energia entre os dois países em caso de urgência está previsto em resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de 2001. Desde de abril deste ano, o Brasil vinha exportando cerca de 350 MW médios em caráter de urgência. No início de junho, com o agravamento da crise argentina, o governo brasileiro decidiu elevar de 350 para 700 MW médios o volume exportado.

Pelo acordo, não haveria desembolso financeiro no contrato e a exportação brasileira seria compensada com o fornecimento de quantia igual por parte dos argentinos, o que deve ser alterado em novo entendimento. Segundo os últimos relatórios do ONS,o volume exportado para a Argentina tem ficado acima do previsto, entre 710 e 711 MW médios. No sábado, no entanto, a quantidade foi reduzida para 483 MW médios por causa de restrições na produção da Termoelétrica de Araucária. Outra usina que tem produzido energia com essa finalidade é a J Lacerda, movida a carvão.

Alguns especialistas temem, no entanto, que o aumento de exportação para a Argentina influencie o preço da energia no mercado à vista brasileiro, uma vez que o ONS despacharia térmicas para atender ao mercado argentino. Se isso vai influenciar ou não ainda não se sabe. O fato é que ontem os preços de referência de energia elétrica no mercado atacadista voltaram a subir.

Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o MW/h médio do Sudeste/Centro-Oeste subiu para R$ 138,98, com alta de 66,38% em relação à semana anterior. Esse é o nível mais elevado para essa época do ano desde o término do racionamento de energia, em 2002.