Título: Vivo fecha compra da Telemig por R$ 1,2 bi e acirra disputa entre teles
Autor: Tereza, Irany
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/08/2007, Economia, p. B1

Processo de aquisição é estimado em R$ 2,9 bilhões, com a compra da participação de acionistas minoritários.

A venda da Telemig e da Amazônia Celular para a Vivo foi referendada ontem, em reunião do conselho da Telpart, holding que controla as duas operadoras. O negócio, fechado por R$ 1,213 bilhão, refere-se à compra de todas as ações que a Telpart detém nas empresas.

No caso da Telemig - a operadora com peso real na negociação -, isso significa 53,90% das ações ordinárias (com direito a voto), 4,27% das preferenciais, o que corresponde à participação de 22,72% no capital total. Segundo fontes que acompanham o processo, a Vivo pretende agora estender as negociações aos minoritários e, futuramente, fechar o capital da Telemig. Todo o processo é estimado em R$ 2,9 bilhões.

A Vivo, controlada meio a meio pela espanhola Telefónica e pela Portugal Telecom, ganha cerca de 5 milhões de assinantes com a aquisição da Telemig, passando de uma base de 30 milhões para 35 milhões de clientes. Os espanhóis - que negociam, paralelamente, a compra da parte dos portugueses na Vivo - estarão automaticamente acirrando a disputa no setor de telefonia celular. Líder histórica de mercado, a Vivo passou os últimos dois anos estagnada, embora mantendo a primeira colocação, enquanto suas rivais, TIM (os italianos têm atualmente 27,5 milhões de clientes) e Claro (mexicanos têm outros 26,3 milhões) ganharam fatias consideráveis do mercado.

A compra da Telemig mostra o apetite da Telefónica por aquisições. A empresa comprou, recentemente, o controle da Telecom Italia, dona da TIM, com um grupo de instituições financeiras italianas. A operadora espanhola garante que não irá participar de decisões sobre a TIM Brasil para evitar problemas regulatórios no País.

No caso da aquisição anunciada ontem, a Vivo precisará devolver uma das licenças que possui na área da Amazônia Celular, onde já opera. A regulamentação não permite que a mesma empresa tenha em uma área duas licenças para a prestação do mesmo serviço. Para completar sua presença nacional, a Vivo ainda precisa conseguir autorizações para atuar em seis Estados do Nordeste.

ESTRATÉGIA

O fechamento do negócio, que será comunicado em Assembléia Geral Extraordinária (AGE), aumenta a briga dos estrangeiros pela base de clientes no Brasil e dá combustível ao esforço do governo de manter uma empresa nacional na disputa do mercado de telefonia. Ontem, outro passo importante desse processo foi dado com a oferta pública de ações da Telemar Participações. A empresa busca uma reestruturação acionária que poderia, inclusive, facilitar uma futura fusão com a Brasil Telecom, como desenha a estratégia do governo.

Outras reuniões ocorreram ontem, simultaneamente à do conselho da Telpart. A holding é formada pelos fundos de pensão estatais Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobrás) e Funcef (Caixa Econômica), que detêm 52%, e pelo Opportunity, com 49%. Paralelamente a esse encontro houve reunião do comitê gestor dos fundos institucionais e uma reunião prévia da Newtel, outra empresa de papel no complexo organograma da operadora de telefonia.