Título: DF teve escândalos com três senadores
Autor: Costa, Rosa e Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2007, Nacional, p. A4

Roriz e Arruda renunciaram; Estevão foi cassado por conta do caso TRT

Nos seus 21 anos de representação no Senado, o Distrito Federal já é o campeão de mandatos atingidos por cassação ou renúncia. Dos cinco senadores que perderam suas cadeiras no Legislativo nos últimos sete anos, três foram eleitos em Brasília. É da capital federal o primeiro e único senador cassado na história da República: o empresário Luiz Estevão, que perdeu o mandato em 2000 por envolvimento no escândalo do superfaturamento das obras do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) paulista.

Um ano depois, José Roberto Arruda renunciou por conta da violação do painel eletrônico do Senado. Esta semana, Joaquim Roriz repetiu o gesto. E, antes mesmo de assumir a vaga, seu suplente Gim Argello (PTB) já é alvo de denúncias de corrupção.

Esses personagens são oriundos do mesmo grupo político que se consolidou no poder a partir dos anos 90, depois que o Distrito Federal ganhou autonomia política. A incidência de casos de irregularidades põe a qualidade da política em xeque e cria embaraços. ¿Os políticos precisam entender que política não é ganhar dinheiro. Essa situação está criando constrangimentos à capital federal¿, observou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que faz oposição ao núcleo que dominou a política local sob a liderança de Roriz.

Envolvido no escândalo de desvio de recursos nas obras do Fórum Trabalhista de São Paulo, Estevão teve o mandato cassado pelo plenário do Senado. O líder do PMDB na época era o atual presidente da Casa, Renan Calheiros (AL), que agora está sendo investigado. Empresário conhecido em Brasília, Estevão perdeu os direitos políticos. Já Roriz, para escapar da cassação e não ficar alijado da política, optou pela renúncia ao mandato.

Na avaliação do cientista político David Fleischer, a raiz desses problemas políticos do DF vem dos métodos de fazer política de Roriz. ¿É um cacique da política, com estilo coronelista e patrimonialista. Aquele que diz: o governo é meu e faço o que quiser¿, resumiu Fleischer, professor da Universidade de Brasília.