Título: Crise aérea e denúncias não abalam apoio a Lula
Autor: Manzano Filho, Gabriel
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2007, Nacional, p. A10

A crise nos aeroportos, a violência urbana ou os episódios envolvendo o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em nada afetaram seu prestígio ou o de seu governo, revela a nova pesquisa CNI/Ibope, divulgada ontem. O total de eleitores que consideram ¿ótimo¿ ou ¿bom¿ o governo chega a 50%, ante 16% que o acham ¿ruim¿ ou ¿péssimo¿. Confiam no presidente 61%, enquanto 35% não confiam. E saltou de 30% para 37%, entre abril e junho , o total dos eleitores que acreditam que o segundo mandato de Lula será melhor do que o primeiro.

A avaliação positiva é observada em todos os extratos analisados. Os índices favoráveis ao governo caíram um pouco - quase sempre dentro da margem de erro - nas faixas de maior escolaridade e renda, na Região Sul e entre eleitores mais jovens e mulheres. Os números subiram, porém, na comparação com a pesquisa de abril, nas faixas de menor renda, entre os homens e no Sudeste e no Centro-Oeste. Assim, chegam a 65% os eleitores que ganham até 1 salário mínimo e consideram o governo ¿ótimo¿ ou ¿bom¿. Não passam de 3%, na mesma faixa, os que o acham ruim¿ ou ¿péssimo¿. O apoio a Lula continua maior nos pequenos municípios (63% de ¿ótimo¿ e ¿bom¿ em cidades de até 20 mil habitantes).

A pesquisa mostra, ainda, que para 76% dos brasileiros o ano de 2007 está sendo ¿bom¿ ou ¿muito bom¿. O Ibope ouviu 2.002 eleitores de 140 cidades, entre os dias 28 de junho e 1º de julho. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais.

No seu conjunto, essas taxas de avaliação positiva do governo e do presidente, 50% e 61%, são melhores do que as do segundo trimestre dos últimos quatro anos. Como observa o cientista político Rogério Schmidt, da Tendências Consultoria, esses índices eram de 43% e 70% em 2003; de 34% e 51% em 2004; de 35% e 55% em 2005; e de 44% e 60% em 2006.

A desaprovação ao governo continua alta nas áreas de segurança pública (61% a 35%), no combate ao desemprego (51% a 45%), na taxa de juros (51% a 37%) e em relação aos impostos (desaprovados por 65%).

Além disso, para 39% o noticiário tem sido mais desfavorável ao governo - e 19% acham o contrário. Espontaneamente, as notícias mais lembradas são as acusações de tráfico de influência contra o irmão de Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá (31% de menções), e sobre a crise aérea (14%). Disseram não ter tido conhecimento de nenhuma notícia recente sobre o governo 28% dos consultados.

Para Márcia Cavallari, diretora do Ibope, esse nível de desinformação não tem relação direta com o alto índice de aprovação de Lula. ¿Esses 28% referem-se apenas a notícias sobre o governo, nas últimas semanas¿, explica. ¿A aprovação ao presidente vem, na verdade, da percepção do cidadão sobre sua vida no dia-a-dia. Se ele está se alimentando melhor, se a vida de sua família está mais estável. É a experiência vivenciada em sua vida particular.¿