Título: PF indicia casal Garotinho, acusado de comprar votos
Autor: Tosta, Wilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2007, Nacional, p. A13
Denúncia ao STF ainda depende de análise do procurador-geral da República
A Polícia Federal indiciou anteontem os ex-governadores do Rio Anthony e Rosinha Garotinho (PMDB) por compra de votos na eleição de 2006. O casal foi citado em inquérito que apontou irregularidades na campanha do deputado estadual e ex-chefe da Polícia Civil Álvaro Lins (PMDB).
Caberá ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, examinar o caso e, se considerá-lo consistente, denunciar o casal e os demais acusados ao Supremo Tribunal Federal (STF). A pena o crime é de até quatro anos de prisão.
A ação tramitará em foro especial porque outro indiciado, Geraldo Pudim (PMDB-RJ), é deputado federal.
O inquérito foi um dos desdobramentos da Operação Gladiador, que apurou a ação de máfias de caça-níqueis no Rio, inclusive o suposto envolvimento de policiais com as quadrilhas.
A PF encontrou indícios de que Lins - com apoio de Garotinho, Rosinha e Pudim - ¿comprou¿ votos de candidatos a concurso da Polícia Civil que atingiram a pontuação mínima, mas não foram chamados.
Segundo a investigação, o grupo se comprometeu a obter votos para Lins, em troca da promessa de contratação. Cada candidato teria de conseguir até 50 votos. Entre os indícios, há escutas telefônicas e imagens de encontros dos políticos com os concursados.
`PERSEGUIÇÃO¿
Em seu blog, Garotinho se disse vítima da perseguição ¿de um delegado da Polícia Federal a serviço do PT e do governador Sérgio Cabral, que é unha e carne com o presidente Lula¿. Afirmou que Cabral também participou de um encontro com os candidatos do concurso.
Lins distribuiu nota afirmando que não há novidade nas acusações, segundo ele já objeto de duas ações que tramitaram no Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) e foram arquivadas. ¿Os fatos ocorreram de maneira pública, sob a fiscalização eleitoral, e visavam tão-somente o aumento do efetivo da polícia e o benefício da população.¿
Pudim também emitiu nota, alegando desconhecer o assunto e reclamando da ação da imprensa. ¿Essa inversão do ônus da prova ao acusado é uma afronta ao Estado Democrático de Direito¿, disse.