Título: Tarifa no Brasil entre as mais caras
Autor: Barbosa, Alaor
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/07/2007, Economia, p. B4
Luz para residência custa 65% a mais do que nos EUA
As tarifas residenciais de energia elétrica no Brasil estão entre as mais elevadas do mundo. Os preços são cerca de 65% mais caros do que nos Estados Unidos e superam até mesmo os valores cobrados em alguns países europeus, como Espanha e França.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a tarifa média das 65 distribuidoras de energia no País está em torno de R$ 327,21 por MW/h, o que corresponde a cerca de US$ 172 ao câmbio de R$ 1,90 por dólar.
Nos Estados Unidos, pelos dados da Energy Information Administration (EIA), agência do governo americano, a tarifa média residencial está em torno de US$ 104 por MW/h. Na França, o MW/h estava em torno de US$ 144 no fim do ano passado, enquanto na Espanha a tarifa média oscilava em torno de US$ 165. Já em Portugal, Inglaterra e Irlanda os preços estavam acima dos praticados no Brasil, com tarifas de US$ 184 por MW/h, US$ 186 e US$ 258 por MW/h, respectivamente. No México, a tarifa média estava em US$ 101 por MW/h.
Os dados referentes aos países europeus e ao México foram extraídos da International Energy Agency (IEA), formada pelos principais países consumidores de energia do mundo.
Tradicionalmente, as tarifas de energia elétrica no Brasil ficavam muito abaixo das vigentes nos países ricos, que são fortemente dependentes de petróleo importado. No Brasil, as hidrelétricas respondem por 95% da energia elétrica produzida no País, com custo praticamente zero para o combustível, que é a água. Nos Estados Unidos e na Europa, a energia elétrica é gerada a partir de combustíveis fósseis, especialmente carvão e derivados de petróleo. A grande exceção é a França, onde 75% da energia provém de centrais nucleares.
A inversão ocorreu nos últimos dez anos, com os fortes reajustes para as tarifas do setor elétrico. Entre dezembro de 1995 e o fim do ano passado, a Aneel reajustou as tarifas residenciais em 386,2%, quase o dobro da inflação aferida pelo IPCA no mesmo período, que acumulou variação de 210,15%.
Outro fator que encareceu a tarifa brasileira em relação a outros países foi a valorização do real ante o dólar. Com o real cotado por R$ 1,90 a tarifa brasileira fica mais ¿cara¿, quando convertida para dólar.