Título: 'Julgamento pelo Supremo é mais um desafio a enfrentar'
Autor: Scarance, Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/08/2007, Nacional, p. A4

Geraldo Resende: deputado federal (PMDB-MS), ex-dirigente do PPS

Parlamentar que trocou presidência estadual do PPS pelo PMDB para se candidatar em Dourados não teme ser cassado

O presidente do PPS, o ex-deputado Roberto Freire, anda às turras com o deputado Geraldo Resende, natural de Dourados, em Mato Grosso do Sul. Na última sexta-feira, em cerimônia na Câmara Municipal da cidade, prestigiada pelo presidente do PMDB, Michel Temer (SP), Resende ingressou na fileira dos peemedebistas. Não demonstrou constrangimento - até então era presidente estadual do PPS, eleito com uma plataforma de oposição ao governo Lula - e tampouco teme ser punido pela troca de partido. ¿O julgamento pelo Supremo é mais um desafio a enfrentar¿, diz ele, em entrevista ao Estado. A seguir, a entrevista.

Deputado, qual foi o motivo de sua desfiliação do PPS?

O motivo da desfiliação é aceitar um convite do governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, e do PMDB estadual e municipal, no sentido de fazer um projeto de candidatura no município de Dourados, em Mato Grosso do Sul.

Então, o sr. está deixando o seu partido para se candidatar pelo PMDB, no ano que vem?

É, disputar por um partido mais forte, com mais facilidade e com a possibilidade concreta de ser o candidato desse partido aqui na minha cidade.

Em entrevista ao `Estado¿, o presidente do PPS, Roberto Freire, considerou uma ¿afronta¿ a sua saída do partido, para o lado governista. Houve alguma briga?

Olha, eu tenho um profundo respeito, quero continuar tendo, pelo ex-deputado Roberto Freire. E acredito que ele está dando uma dimensão maior do que é à nossa saída do PPS. Quero continuar tendo esse carinho por ele e não quero polemizar.

Freire diz, inclusive, que vai tentar questionar a sua saída do partido usando essa resolução do TSE, segundo a qual o mandato pertence ao partido, não ao candidato. O sr. teme alguma decisão do Supremo nesse sentido ou não?

O julgamento pelo Supremo é mais um desafio a enfrentar. Agora, eu não acredito que o Supremo vá legislar sobre coisa passada. Ele vai legislar sobre coisa futura. Acredito que, se houver uma decisão do Supremo, vai ter uma grande demanda, porque hoje vai pegar cerca de 17 mil vereadores, centenas de deputados estaduais, dezenas de deputados federais que fizeram opções pela mudança partidária.

Qual a sua opinião pessoal sobre a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)?

Foi uma resposta a um questionamento administrativo. Acredito que não é uma normativa que vai colocar daqui pra frente um freio a essa situação do sistema político e eleitoral brasileiro.

Mas o senhor era presidente do partido no seu Estado, não?

Fui presidente, um consultor, do partido no Estado, mas eu estou colocando (em primeiro lugar) os interesses da minha cidade, da cidade de Dourados, onde tive toda a minha história de militância histórica.