Título: Justiça já julgou 10 das 17 ações de parentes de mortos no acidente do VLS
Autor: Nunomura, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/2007, Vida &, p. A25

A Justiça Federal em São José dos Campos já deu sentença favorável a 10 das 17 famílias de vítimas do incêndio do Veículo Lançador de Satélite (VLS) em Alcântara, no Maranhão. Elas entraram com ações de indenização por danos morais e materiais, em função do acidente ocorrido em 22 de agosto de 2003. Vinte e um técnicos e engenheiros do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) de São José morreram na tragédia.

As ações ainda não foram distribuídas no Tribunal Regional Federal, em São Paulo, e podem ser contestadas até que cheguem ao Supremo Tribunal Federal em Brasília. Os valores das ações individuais não são revelados, mas podem variar de R$ 1 milhão a R$ 5 milhões. 'Até aqui foi rápido, mas, no Tribunal, deve demorar ainda dois anos', disse o advogado das famílias, José Roberto Sodero.

Das 21 famílias de vítimas, 4 não quiseram mover ações contra o governo federal, que, na época, chegou a pagar R$ 100 mil em indenização para cada família. 'Os valores dependem do tempo de trabalho de cada um, da função, da expectativa de vida. Mas as ações seguem em segredo de Justiça', explicou Sodero. Mais que dinheiro, disse, os parente querem dar uma 'lição no governo'. 'Para que não haja mais erros nem mortes, mas mais investimentos na área.'

A ação movida pela funcionária pública aposentada Eloir Waldrik Rocha Brito, de 53 anos, viúva do engenheiro Amintas Rocha Brito, foi a primeira a ser julgada. 'Sabemos que ainda vai demorar muito para ser concluída a ação. Mas essa sentença já foi uma vitória. Não há dinheiro que pague a ausência do meu marido, do pai da minha filha, do homem com quem vivi por 21 anos.'

Nos meses seguintes ao acidente o governo federal deu apoio às famílias que precisaram de ajuda psicológica e assistência social. O benefício foi cortado no ano passado. 'O CTA não tinha profissionais suficientes para atender todos e a ajuda de psicólogos foi suspensa. O sentimento da maioria é de abandono', disse Sodero.

Quase quatro anos depois do acidente, a Associação dos Familiares das Vítimas do VLS ainda quer a reabertura do inquérito policial que investiga a responsabilidade pela explosão. O pedido deve ser enviado à Justiça Militar Federal de Belém (PA). Seis meses após o acidente, uma investigação do Ministério da Defesa concluiu que houve uma seqüência de erros, mas não apontou os responsáveis.