Título: 'Isso aqui ainda vai virar uma nova Macaé'
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/08/2007, Economia, p. B7

Especulação imobiliária, preços em alta e investimentos em infra-estrutura e serviços: a cidade de Linhares, no litoral norte do Espírito Santo, começa a sentir os efeitos do crescimento do setor de petróleo. Escolhida pela Petrobrás como principal ponto de recebimento de gás da região, Linhares já começa a fazer comparações com Macaé, base da estatal para a Bacia de Campos, para evitar que a bonança atual crie problemas sociais no futuro.

O Espírito Santo é o Estado com maior crescimento no setor de petróleo nos últimos anos e hoje é apontado como solução para o mercado brasileiro de gás natural. Apenas a Petrobrás prevê investir R$ 20 bilhões na região pelos próximos cinco anos. É comum ouvir falar numa ¿segunda onda de investimentos¿, mais de 30 anos após o processo de industrialização vivido nas décadas de 60 e 70, focado em siderurgia e papel e celulose.

¿Isso aqui vai virar Macaé, rapaz¿, exagera o comerciante Máximo Caliman, conhecido como Keké, que tem um restaurante no centro de Linhares, hoje com cerca de 120 mil habitantes. Ele tem motivos pessoais para tanto otimismo: localizado em frente a um dos hotéis que hospeda prestadores de serviço da Petrobrás, seu restaurante movimenta 50% a mais desde que a estatal iniciou as obras da unidade de processamento de gás natural (UPGN) de Cacimbas, na zona rural do município, investimento de R$ 1 bilhão.

Cerca de 3 mil pessoas trabalham nas obras. Grande parte vem de fora da cidade e lota os poucos hotéis existentes. O grande número de visitantes já se reflete no custo de vida local: bares e restaurantes cobram preços de cidade grande e os aluguéis subiram cerca de 30% nos últimos meses.

¿O aluguel de um apartamento de dois quartos girava em torno dos R$ 450. Hoje, sai por cerca de R$ 600¿, diz o corretor Tarcísio Hermes. A rede hoteleira, por sua vez, já atrai investimentos de grandes grupos, como Bristol e Accord. A prefeitura estima que 500 novos quartos sejam construídos nos próximos anos.