Título: Sonho de carro nacional deu lugar à Mitsubishi
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/08/2007, Economia, p. B14
O veterano do trio de novos fabricantes brasileiros de automóveis, Eduardo de Souza Ramos, presidente do conselho da MMC Automotores e fabricante em Catalão (GO) de modelos da japonesa Mitsubishi também desejou produzir um carro nacional. ¿Esse sonho já passou e hoje verifico que seria uma missão muito, muito difícil e que até (veículos) esportivos têm dificuldade para sobreviver sem apoio de um grande fabricante.¿
O administrador de empresas Souza Ramos teve a sua incursão no mundo automobilístico em 1967, como revendedor da Volkswagen e, depois, da Ford. Com a abertura do mercado brasileiro, nos anos 90, procurou várias marcas que não estavam instaladas no País.
¿Ao tomarmos conhecimento do grupo e estudarmos a linha de produtos da Mitsubishi, ficamos entusiasmados e estabelecemos as bases para a parceria.¿
A MMC se responsabiliza por todo o investimento. A Mitsubishi cede a tecnologia dos produtos, em troca de royalties, e fornece parte das peças. Desde a inauguração da fábrica, em 1988, Souza Ramos gastou R$ 850 milhões no projeto.
Hoje, são vendidos quase 30 mil modelos da marca ao ano, o correspondente a 1,5% do mercado total brasileiro. Se tiver aprovação da matriz para produzir um novo veículo em 2008 e outro em 2009, conforme os planos do executivo, serão necessários mais R$ 300 milhões em aportes.
Com 62 anos, Souza Ramos evita exposição na mídia. Ele passou o comando da MMC ao sócio Paulo Ferraz e permanece no conselho. Agora, tem mais tempo para dedicar-se a ralis e a velejar, paixões que cultiva há anos. Tem vários títulos nacionais e internacionais em campeonatos de vela e corridas.
Ao contrário dos grupos Caoa e Bramont, que têm planos de abertura de capital, a MMC não estuda essa opção. E Souza Ramos desconhece qualquer intenção da Mitsubishi japonesa de instalar-se isoladamente no País. O contrato de exclusividade na distribuição da marca tem sido renovado com três a quatro anos de antecedência.