Título: Para a CNI, setor dá sinais de acomodação
Autor: Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/08/2007, Economia, p. B6

A atividade industrial no segundo semestre deve ter um comportamento semelhante ao do primeiro: produção em alta e faturamento arrefecido pelo impacto do câmbio. A avaliação é do economista Paulo Mol, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que divulgou ontem os indicadores industriais de junho. Após cinco meses consecutivos de expansão, a atividade industrial apresentou acomodação em relação ao mês anterior e redução do uso do parque fabril.

Mas os dados mostram que a estabilidade verificada em junho não afetou o resultado do segundo trimestre e do acumulado do ano. O indicador de horas trabalhadas, que mede diretamente a atividade na produção, cresceu 2% no segundo trimestre em relação ao anterior e acumulou 3,6% no primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano passado. Por outro lado, a valorização do real provocou queda de 0,5% nas vendas do setor no segundo trimestre.

As vendas reais, que medem o faturamento das empresas, também recuaram 4,5% em relação a junho de 2006, mas segundo a CNI nesse caso a base de comparação foi muito elevada porque, naquele mês, houve expansão significativa e pontual das vendas de equipamentos de transporte. Além disso, a entidade lembra que a valorização do real foi de 14,1% nos últimos 12 meses até junho, reduzindo o faturamento dos exportadores. No primeiro semestre, as vendas acumulam alta de 2,7%.

A estabilidade nas horas trabalhadas em junho reduziu a utilização da capacidade instalada nas indústrias para 82,2% - 0,4 ponto porcentual menor que em maio e o menor nível desde março deste ano. Mol afirmou também que está havendo uma queda nos salários médios da indústria. Em janeiro, a remuneração cresceu 7,8% em relação ao mesmo mês de 2006. Esse porcentual vem caindo e atingiu 1% em junho em relação a junho de 2006.