Título: Pochmann toma posse e prega aumento do Estado
Autor: Moraes, Marcelo de e Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/08/2007, Nacional, p. A6

Novo presidente do Ipea afirma que faltam funcionários públicos e avalia modelo atual como ¿raquítico¿ diante do desafio do desenvolvimento.

Na contramão do esforço fiscal do governo, o novo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, defendeu ontem o aumento do Estado. Durante discurso na solenidade de posse, ele afirmou que o ¿Estado é raquítico¿ e defendeu sua modernização e a ampliação do federalismo.

Citando números, Pochmann comparou a participação do serviço público no mercado de trabalho. Segundo ele, no Brasil o servidor público representa apenas 8% da população ocupada, enquanto nos Estados Unidos atinge 18% e na Europa, 25%. Nos países escandinavos, disse Pochmann, chega a 40%.

Pregando a redefinição do Estado, Pochmann abriu a discussão para a possibilidade de mais contratações, se for necessário. Em sua opinião houve ¿uma destruição do Estado nos últimos 20 anos¿.

¿Perdemos 2,5 milhões de funcionários nos últimos 20 anos. Então, precisamos rever o papel do Estado nesse sentido. Não temos hoje um Estado preparado para o desafio do desenvolvimento em termos de tecnologia. O que nós temos hoje, em quantidade e qualidade, não nos permite dar o salto de que precisamos¿, afirmou. Segundo dados do IBGE, contudo, a redução de servidores nesse período foi de apenas cerca de 560 mil.

Pochmann negou que esteja defendendo um inchamento da máquina pública. ¿Não se trata necessariamente de contratar¿, ressaltou. ¿O governo de Juscelino Kubitschek, por exemplo, tinha seus grupos interministeriais, que foram capazes, até fora do Estado, de fazer com que o Plano de Metas fosse executado. Não é uma defesa de que sejam de fato funcionários públicos. O que nós precisamos é ter gente preparada para lidar com o desafio do desenvolvimento nacional.¿

Segundo o novo presidente do Ipea, existe a necessidade de técnicos e gerentes especializados em diversas áreas específicas. Isso inclui também, na sua análise, a gestão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). ¿Estamos agora diante da questão do Programa de Aceleração do Crescimento, em que a questão da coordenação e da gestão se transformaram em pontos fundamentais para que os investimentos venham a ocorrer.¿

Para ele, hoje não existe a clareza sobre qual Estado é necessário existir. Mas lembrou que o País tem acumulado prejuízos por não ter se desenvolvido satisfatoriamente nos últimos tempos. ¿Cresceu a distância do que somos hoje e do que poderíamos ser.¿