Título: Lucro do BB cai 36,3% e vai a R$ 2,4 bi
Autor: Freire, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/08/2007, Economia, p. B5

Motivos são despesas com o afastamento antecipado de 7 mil funcionários e ganhos atípicos em 2006.

O Banco do Brasil (BB) teve lucro líquido de R$ 1,068 bilhão no segundo trimestre do ano, valor 30,9% menor que o obtido nos meses de abril a junho de 2006, de acordo com balanço divulgado ontem pela instituição. No primeiro semestre, o banco teve lucro de R$ 2,477 bilhões, uma queda de 36,3% em relação ao mesmo período de 2006.

As despesas de R$ 396 milhões com o Plano de Afastamento Antecipado (PAA) de 7 mil funcionários foram a principal razão da redução do lucro. Além disso, em 2006, o banco teve ganhos atípicos. 'No segundo trimestre de 2006, o banco contabilizou R$ 898 milhões de retornos em contribuições pagas à Previ (fundo de pensão dos funcionários)', explicou o gerente de Relações com Investidores, Marco Geovanne.

Segundo o vice-presidente de Finanças do BB, Aldo Mendes, o PPA começará a ter impacto positivo a partir de 2008, possibilitando economia anual de R$ 240 milhões.

A rentabilidade (retorno sobre o patrimônio líquido) caiu de 46,2% no primeiro semestre de 2006 para 24,3%, abaixo da média do sistema financeiro, entre 32% e 33%. Geovanne argumentou que, descontados efeitos extraordinários, o lucro no segundo trimestre é de R$ 1,464 bilhão, alta de 126,2% ante 2006.

Considerado 'excelente' pelo presidente do banco, Antonio Francisco de Lima Neto, o crescimento foi calcado no incremento de 28,4% das operações de crédito, cujo saldo era de R$ 145,2 bilhões em junho. O aumento do crédito foi focado, segundo Lima Neto, em operações com desconto em folha e financiamentos de veículos, que têm baixa inadimplência.

Com a expansão do crédito, as receitas com empréstimos passaram a contribuir para o lucro em proporção maior que as operações com títulos públicos. As receitas com crédito no primeiro semestre aumentaram 16,6% ante o mesmo período de 2006, chegando a R$ 12,2 bilhões. Em contrapartida, os ganhos de Tesouraria caíram de R$ 6,8 bilhões, na primeira metade de 2006, para R$ 6,2 bilhões, por causa da redução de juros dos títulos públicos.

O ganho com cobrança de tarifas cresceu 10,7% no primeiro semestre, chegando a R$ 4,8 bilhões. Descontados gastos com o PAA, a receita de tarifas correspondeu a 130,2% das despesas com pessoal. A alta da receita com tarifas, segundo Lima Neto, foi gerada pela expansão das operações com cartões de crédito e débito e produtos de seguridade e da captação dos fundos de investimentos, além do maior volume de crédito.

Com a queda do lucro, os dividendos pagos aos acionistas caíram de R$ 1,555 bilhão, no primeiro semestre de 2006, para R$ 991 milhões.

BANCO POPULAR

O Banco Popular do Brasil teve prejuízo de R$ 10,770 milhões no primeiro semestre, 58,2% menor que as perdas de R$ 25,765 em 2006. Para o presidente do banco, Robson Rocha, a redução reflete o esforço para melhorar a qualidade da carteira de crédito da subsidiária do BB, que oferece o microcrédito.

A inadimplência manteve-se em 25%. 'Este ano, não conseguiremos alcançar uma taxa abaixo dos 10%.' Ele espera que o banco comece a apresentar lucro no último trimestre.