Título: 'Não estamos querendo intervir'
Autor: Otta, Lu Aiko e Marques, Gerusa
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/08/2007, Economia, p. B8

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, negou ontem que a idéia de criar uma grande empresa nacional de telecomunicações, fruto da fusão entre a Oi (Telemar) e a Brasil Telecom, signifique reestatização no setor, como foi interpretado por setores do mercado. E, depois de defender, há duas semanas, a possibilidade de o governo ter poder de veto na empresa por meio de uma golden share (ação especial), ele admitiu que o mecanismo pode não ser adotado. Segundo ele, há outras formas de garantir que a empresa não seja vendida a um grupo internacional depois da fusão.

Costa lembrou que a Oi tem em seu acordo de acionistas uma cláusula que diz que decisões estratégicas da empresa têm de ser aprovadas por pelo menos 70% dos votos. 'Precisa da golden share? Nem sei. De repente, um acordo de acionistas como este é suficiente.' Para o ministro, a preocupação do governo não pode ser visto como uma intenção estatizante.

'É sinal de nacionalismo, de brasilidade, de preocupação com a coisa pública.' Segundo o ministro, o governo não está querendo interferir numa eventual fusão entre as empresas. Na semana passada, um dos acionistas da Telemar, o presidente do grupo La Fonte, Carlos Jereissati, afirmou que a iniciativa do governo era uma ingerência indevida.

'Ele (Jereissati) estava lamentavelmente mal informado. Alguém disse para ele que nós estávamos querendo intervir. Nós não estamos querendo interferir em nada', respondeu o ministro. 'Nós estamos estudando uma questão estratégica de interesse nacional.'

Costa reconheceu que a privatização do Sistema Telebrás, em 1998, deu bons resultados. 'Como vamos reestatizar o que deu certo?'

O ministro explicou que a intenção do governo, se a fusão for considerada viável, é chamar de novo os empresários brasileiros a investirem na nova grande empresa nacional. E disse que as empresas de telecomunicações, e não o governo, é que devem decidir se querem ou não se unir.

Costa afirmou que as empresas, o BNDES e os fundos 'vêem com bons olhos' a fusão. O ministro contou que conversou com as diretorias da Brasil Telecom e da Oi sobre a intenção do governo de estudar o assunto. 'Ninguém chegou aqui e disse 'não mexa nisso'.' G