Título: TAM vai usar mais um alarme de posição de manetes
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/08/2007, Metrópole, p. C5

Aviões da empresa não voarão mais com reverso travado até o fim das investigações

O diretor de Segurança da TAM, Marco Aurélio Castro, disse ontem à CPI do Apagão Aéreo da Câmara que a empresa aérea vai equipar todos os seus aviões Airbus com o software FW3, que emite um alerta ao piloto no caso de os manetes - alavancas que devem ser acionadas na hora do pouso - estarem em posição indevida. Quando anunciou a existência desse dispositivo, a Airbus classificou sua adoção como 'desejável', mas a TAM não considerou necessária a aquisição.

Segundo Castro, o custo da instalação do FW3 será de US$ 5 mil por avião - a TAM possui 76 Airbus 319 e 320. A partir de outubro, os novos Airbus comprados pela companhia já virão com o software instalado.

O equipamento emite um aviso por escrito, em uma das telas da cabine, informando ao piloto a necessidade de ajuste no manete. Hoje, as aeronaves têm um dispositivo em que, na hora do pouso, o computador dá o alerta sonoro 'retard', indicando a necessidade de colocar os manetes em posição idle (ponto morto). As caixas-pretas do Airbus A320 envolvido no acidente de 17 de julho registraram que o manete esquerdo estava na posição correta, mas o direito permaneceu indevidamente na posição climb (subir), o que fez o avião cumprir dois comandos opostos: frear de um lado e acelerar de outro.

REVERSO

Castro disse aos deputados que os aviões da TAM não voarão mais com reversos - freios aerodinâmicos instalados nas turbinas - pinados (travados), pelo menos até que sejam esclarecidas as causas da tragédia. O Airbus acidentado voou por três dias com o reverso direito travado. 'Se for comprovado que não teve influência do reverso (no acidente), volta a operação normal', disse o diretor de Segurança. No entanto, também à CPI, o chefe de equipamentos dos A320 da TAM, Alex Frischmann, afirmou que a decisão de voar ou não com reverso travado será tomada caso a caso, em entendimento com a Airbus. Outra medida preventiva da empresa foi a proibição de pousos na pista principal de Congonhas em caso de chuva.

ERRO HUMANO

O diretor de Segurança da TAM, que faz parte da comissão de investigação das causas do acidente, afirmou considerar 'muito remota' a possibilidade de ter havido falha dos pilotos no manuseio dos manetes. Segundo Castro, a tendência de todos os comandantes é recuar os dois manetes ao mesmo tempo.

PISTA DE CONGONHAS

Tanto Castro como Frischmann revelaram aos deputados que, depois do acidente, quatro pilotos da empresa relataram dificuldades de pouso na pista principal de Congonhas antes de ocorrer a tragédia.

O procedimento normal seria que eles fizessem os relatórios o mais cedo possível, mas Frischmann não soube explicar por que só foram feitos depois do acidente.