Título: 'Brasil tem de agregar valor ao seu produto'
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/08/2007, Economia, p. B3
País não pode apenas fornecer matéria-prima, diz Dilma
O Brasil tem de se cuidar para não se transformar em mero fornecedor de matéria-prima para a produção do biocombustível europeu. O alerta foi dado ontem pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em seminário sobre o tema no Rio.
Segundo ela, existe o risco de novas barreiras serem impostas pela União Européia, com objetivo de incentivar a produção própria. ¿Não é nada interessante para o Brasil que isso aconteça. Temos de agregar valor ao nosso produto¿, disse.
Dilma incitou os empresários presentes ao local a ¿terem em mente que é preciso ao Brasil tomar para si o pioneirismo de regulação sobre biocombustíveis, e não se deixar surpreender pelas barreiras que serão impostas nos próximos anos¿.
Em sua apresentação, a ministra frisou a distorção que tem sido criada no mundo todo com a dicotomia entre a produção alimentar e a de energia. No Brasil, disse ela, essas duas produções podem conviver ¿tranqüilamente¿. Ela citou, por exemplo, que apenas 1% da área agriculturável no Brasil será ocupada com produção de oleaginosas destinadas ao biodiesel em 2010, e outros 0,8% dessa área serão cultivados com cana-de-açúcar.
A ministra também destacou que não há fundamento na preocupação internacional com relação a desmatamento da Amazônia para a produção de álcool ou biodiesel. ¿A maior concentração de usinas de álcool e produção de cana está a 2.100 quilômetros da Amazônia. Costumamos lembrar lá fora que é uma distância equivalente ao percurso entre Madri e Moscou¿, disse.
Entretanto, a ministra destacou que há necessidade no País de priorizar mais a produtividade do que o volume de produção. No caso do etanol, lembrou, existem várias pesquisas sendo feitas que já obtiveram ganhos significativos nos últimos anos.
BIODIESEL
Na área de biodiesel, porém, a maior produção é proveniente do óleo de soja, apesar de o dendê ter produtividade até três vezes maior. ¿É preciso repensar isso¿, afirmou.
Segundo ela, o governo pretende avaliar o primeiro ano de obrigatoriedade da mistura, em 2008, para decidir se antecipa ou não o aumento do porcentual exigido de óleo vegetal na composição do diesel, de 2% para 5%.
¿Capacidade, pelo que estamos vendo, teremos para abastecer o mercado. Mas a matéria-prima que servirá de fonte para essa produção tem de ser diversificada para garantir confiabilidade e a segurança ao abastecimento.¿