Título: 'Queremos participar das decisões da empresa'
Autor: Brito, Agnaldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/08/2007, Negócios, p. B19
Segundo o presidente da Petroquisa, a Petrobrás não pretende ter o mesmo papel que ja teve no setor petroquímico
O presidente da Petroquisa, braço petroquímico da Petrobrás, José Lima de Andrade Neto, confirmou que a Unipar deverá deter 60% de participação na Companhia Petroquímica do Sudeste, que será formada a partir da fusão dos ativos que a Petrobrás comprou da Suzano. Mas afirma que a estatal só firmará acordo com poder de gestão. ¿Queremos ter influência sobre a empresa.¿
A Petrobrás escolheu a Unipar para o pólo do Sudeste?
O fundamental é o modelo da petroquímica com dois grandes `players¿ privados e a Petrobrás minoritária, ajudando a alavancar o crescimento das empresas. Não tem reestatização. O passo que a Petrobrás deu na compra da Suzano é intermediário. Visa ter uma empresa privada nacional, com participação relevante da Petrobrás, para criar no País dois grandes atores para competir entre si e no exterior.
A Petrobrás entrou com o dinheiro na compra da Suzano. A Unipar entra com o quê?
A Unipar já tem um volume de ativos. Vamos avaliá-los e ver as proporções, se vai precisar colocar um pouco mais de dinheiro de tal forma que se chegue a uma composição final. Quem deve aportar mais capital é a Unipar, mas eles podem trazer um outro sócio ou mesmo discutir com o BNDES.
E os fundos de pensão?
Surgiu essa idéia porque é sempre possível trazer outros potenciais investidores. Do nosso ponto de vista, não haveria restrição de outros atores se juntarem a nós. O fundamental é ter uma liderança privada, que é exatamente na contramão do discurso da reestatização. A idéia é que seja uma empresa privada. Obviamente, estamos discutindo com a Unipar que a gente tenha uma importância na gestão, que tenhamos poder de influência sobre a empresa. Mas, se eles vão ser majoritários, têm de aportar recursos na proporção.
O que é ser minoritário relevante? Ter 49%?
Minoritário relevante é um minoritário que não é simplesmente um investidor financeiro, que tem o dinheiro lá. Mas que tem algumas regras de governança, que participa de algumas questões da governança. Queremos participar de algumas questões da companhia. Esse é o objeto da discussão com as empresas.
Mas os fundos entram ou não?
Não sei. Isso é uma decisão deles. Negociação, não tem. Vamos discutir com a Unipar. Tudo vai começar a se detalhar a partir de agora.
O grupo Ultra entra nessa negociação?
Por enquanto, não estamos discutindo isso. O Ultra é nosso sócio no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio), provavelmente na planta de oxiteno. Não estou dizendo que ele não possa entrar na CPS, mas não estamos negociando isso.
A Petrobrás está investindo agora pensando em sair depois do setor?
Não temos essa referência. Hoje o modelo é ter duas empresas de porte e a Petrobrás apoiando. Mas sem o papel que a Petroquisa teve nas décadas de 80 e 90.