Título: Governo admite negociar volta de operações cortadas em Congonhas
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/08/2007, Metrópole, p. C1

Em reunião com o ministro Nelson Jobim, empresas defenderam a manutenção de 44 slots ante os 33 atuais

Em audiência no Ministério da Defesa, ontem, as companhias aéreas apresentaram uma lista com cinco reivindicações, mostrando que continuam a resistir às mudanças impostas pelo Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac) depois da tragédia com o Airbus da TAM, que deixou 199 mortos no dia 17. No encontro com o ministro Nelson Jobim (Defesa), as empresas foram explícitas no pedido para voltar a fazer 44 operações por hora (pousos e decolagens) no congestionado Aeroporto de Congonhas, ante as atuais 33 operações. Antes da crise, Congonhas chegou a ter 48 operações por hora.

Todas as reivindicações das empresas visam flexibilizar as regras do Conac. Sem muito entusiasmo, Jobim disse que 'vai estudar' o assunto. Ele pediu ao Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) esclarecimentos sobre cada pedido apresentado. Se o governo ceder às empresas, o aeroporto voltará aos mesmos patamares de sobrecarga anteriores ao acidente. Ao longo do dia, Jobim fez duas reuniões com as companhias aéreas. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não participou delas.

O segundo pleito apresentado ontem pelas companhias foi a definição de um tempo mínimo de conexão - minimum connection time (MCT), no jargão do setor - de uma hora para Congonhas. Alegam que, com a obrigatoriedade, seria possível diminuir o risco de que atrasos no aeroporto se refletissem em outros destinos do País, uma vez que o tempo entre as escalas seria maior do que o praticado hoje (de 15 a 40 minutos). Jobim teme que, com a proposta, Congonhas volte a ser ponto de conexão para outros aeroportos.

As empresas também querem mudar a regra de que a partir de Congonhas só poderão ser realizados vôos de duas horas de duração. As companhias querem que isso seja trocado para um raio de 1,5 mil quilômetros. Elas alegam que as companhias pequenas, que voam com a aviões turboélice, que gastam o dobro do tempo que os jatos, seriam prejudicadas. 'Preciso saber o que isso significa e aonde o avião chega com 1,5 mil km em linha reta', afirmou.

Como quarto pedido, as empresas querem manter em Guarulhos a mesma proporção sobre o número total de operações (slots) que tinham em Congonhas, no período em que durar as obras do grooving na pista principal do aeroporto.

O quinto pedido das empresas é o desmembramento dos slots com o trecho voado no aeroporto de Guarulhos. Isso significa que a empresa quer ser dona do horário para pouso ou decolagem. Se a companhia, por exemplo, tiver uma vaga às 19 horas para o Santa Catarina e achar que esse vôo não vale mais a pena, ela usará a vaga para outro vôo à sua escolha, para qualquer destino nacional ou internacional.