Título: Loteamento favorece corrupção, diz analista
Autor: Tosta, Wilson e Auler, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2007, Nacional, p. A4

A identificação de técnicos, com mais de 20 anos de carreira, diretamente envolvidos em fraudes na Petrobrás é um sinal de contaminação da empresa em práticas de corrupção. A opinião é do coordenador dos cursos de Programa Executivo da Faculdade Ibmec, Eric Cohen.

Doutor em Gestão Administrativa pela Fundação Getúlio Vargas, ele destaca o loteamento político de cargos em estatais como um canal para a ocorrência de irregularidades deste tipo. ¿As pessoas são escolhidas para os cargos não em função de sua competência, mas pelo interesse político-partidário. É notório que a Petrobrás é totalmente loteada. Isso contraria as boas normas de práticas gerenciais.¿

As conexões políticas da Petrobrás vieram à tona em meio à crise que assolou o governo em 2005, iniciada com o escândalo do mensalão. Na época, descobriu-se que o então secretário-geral do PT, Silvio Pereira, havia recebido um jipe da GDK, depois de a empreiteira ter fechado contrato de US$ 89 milhões com a estatal. O contrato foi investigado pelo Tribunal de Contas da União, que viu indícios de superfaturamento.

Pereira teria intermediado a indicação de Renato Duque para a diretoria de Serviços. Ele teria apoio também de José Dirceu, que foi ministro da Casa Civil e apontado como um dos mentores do mensalão. Além da diretoria de Serviços, o PT comanda ainda a área de exploração e produção. A área de abastecimento foi cedida ao PP.

Por enquanto, o mercado financeiro tem minimizado o impacto das denúncias de corrupção no desempenho das ações. Ontem, acompanhando a alta de preço do petróleo no mercado internacional, as ações ordinárias (com direito a voto) da estatal fecharam em alta de 1,98%.