Título: Valério é acusado de sonegar R$ 54,7 mi
Autor: Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2007, Nacional, p. A14

Empresário envolvido no mensalão e ex-sócios omitiram dados à Receita por 4 anos, afirma Ministério Público

A Justiça Federal instaurou ação penal por sonegação fiscal contra Marcos Valério e seus ex-sócios na agência de publicidade DNA Propaganda. Conforme denúncia do Ministério Público Federal, o grupo sonegou R$ 54,7 milhões de tributos entre 1999 e 2002 por omissão de informações ou declarações falsas à Receita Federal. O empresário mineiro foi apontado como operador do mensalão, esquema de pagamento de propina a parlamentares no governo Lula. No auge do escândalo, em julho de 2005, a Polícia Civil flagrou queima de notas fiscais da DNA.

Figuram também como réus na ação o publicitário Francisco Marcos Castilho; Ramon Hollerbach Cardoso; Cristiano de Mello Paz; o contador Marco Aurélio Prata; seu irmão, o policial civil aposentado Marco Túlio Prata; e a mulher de Valério, Renilda Maria Santiago Fernandes. Além de sonegação, eles são acusados de uso de documento público falso e formação de quadrilha.

A ação foi distribuída no último dia 22 e tramita na 9ª Vara Federal, em Belo Horizonte. Cristiano Paz, fundador da SMPB Comunicação - outra agência publicitária mineira envolvida no escândalo -, foi incluído entre os réus por ser representante da Graffiti Participações, parte da sociedade da DNA.

Conforme o Ministério Público, dentre os atos praticados para lesar o Fisco consta a ¿simulação do furto de um veículo que, segundo os réus, transportava documentação exigida pela Receita durante autuações que tinham o objetivo de apurar a real movimentação financeira da empresa¿. A alegação foi desmentida após o estouro do mensalão.

Há exatos dois anos, em 14 de julho de 2005, policiais civis mineiros localizaram notas fiscais sendo queimadas em tambores de lata na residência de Marco Túlio Prata. No interior da casa, outras 14 caixas com documentos fiscais e contábeis foram encontradas. Segundo as investigações, o material também seria incinerado.

Dois dias depois, novos papéis queimados com o nome da agência foram achados num lote vago. Valério e os irmãos Prata já foram denunciados pelo Ministério Público, acusados de destruir documentos públicos.

O advogado Marcelo Leonardo, que representa Valério e sua mulher, disse que seus clientes não foram citados e, portanto, não se pronunciariam. Castilho afirmou que não foi informado oficialmente da ação. A DNA só continua ativa por causa dos problemas judiciais. O publicitário comanda agora nova agência na capital mineira, a Bárbara Comunicação. Valério, conforme seu advogado, continua ¿atendendo¿ em seu escritório, na zona sul de Belo Horizonte.

O Estado não conseguiu localizar os outros réus ou seus representantes.